sábado, fevereiro 24, 2007

TURISMO BOÇAL: UM IDIOTA EM GUARUJÁ

Depois de 4 dias torrando no litoral, fugindo do carnaval, decidi me arriscar no jornalismo turístico. Não consegui fugir do balacobaco. E esse texto não tem nada de jornalístico. É, meu pai já falava que eu não sabia fazer nada direito...

A idéia da viagem era fugir do carnaval. Mas descobri que isso é impossível. Durante o feriado, a calhordice da festa te persegue em qualquer lugar. Alguém sempre decide encher a cara e tocar Araketu em alguma esquina. E se tem gente bêbada ouvindo música horrível, só pode ser carnaval. Além disso, não é só nas capitais que as prefeituras investem em desfiles. Até as pequenas cidades do litoral têm as suas “Avenidas do Samba”. Ou seja, você pode ser obrigado a ouvir enredos sobre a ascensão e glória do império babilônico à beira da praia. Um inferno.

Guarujá é uma cidade parecida com várias capitais brasileiras: tem muito morro. A diferença é que nos morros a gente vê mansões, e não favelas, como em outros lugares. Aposto que existem mais traficantes e contrabandistas nessas mansões do que nos barracos do Rio ou São Paulo. A cidade já foi mais badalada, mas ainda é uma das mais concorridas do litoral norte paulista, oferecendo tudo aquilo que um turista espera encontrar em um balneário desse tipo: engarrafamentos, cerveja cara e playboys buzinando em suas pickups.

Na praia, os banhistas praticam frescobol e natação. Já os vendedores locais preferem outro esporte popular da região: “Exploração de turistas” – um maço de cigarro custa 5 pilas na areia. Existem outros esportes divertidos para se praticar. A “caça ao guarda-sol” é um dos mais legais: depois das 11 horas da manhã é mais fácil encontrar uma dançarina de axé virgem do que um guarda-sol dando sopa. É preciso andar por 1 ou 2 horas até achar um. É ótimo para quem quer perder uns 5 litros de suor e morrer desidratado. Se você quiser acelerar o "jogo", pode pagar uma propina básica para um atendente. A vaga surge em poucos minutos. Sim, a vida na praia é mesmo igualzinha a qualquer outro lugar no Brasil.

Outra diversão legal é a “Decoração corporal com protetor solar”. O passatempo é obrigatório para branquelas como eu, que têm a pretensão de ficar mais do que 2 segundos sob um sol de 35 graus à sombra. É necessário fazer um “blend” com produtos de fator 15, 30 e 5.000. E para cobrir cada milímetro de pele gasta-se pelo menos meia hora. Super divertido. O chato é que sempre sobra uma nesga negligenciada de pele, como a ponta do dedo mindinho da mão direita ou o lóbulo da orelha esquerda, por exemplo. E esse pedaço fica 8 horas torrando ao sol sem você perceber – a não ser à noite, quando a vizinhança do hotel acorda com os seus urros de dor.

A água das praias de Guarujá é relativamente limpa. Você não corre o risco de encontrar cocô boiando ou a Cicarrelli transando. Mas pode ser atropelado por um jetski. Cardumes dessas “lambretas aquáticas” infestam as praias da cidade. Você pode alugar um jetski pela módica quantia de 150 reais por meia hora. Tive vontade de experimentar e brincar de Fernando Collor. Mas desisti quando percebi que poderia gostar da brincadeira e passar a cheirar cocaína e forjar empréstimos do Uruguai.

Voltei da viagem bem descansado e satisfeito. E trouxe umas lembranças: uma conta estourada no cartão de crédito e duas queimaduras de 3º grau. Vou tirar uma foto delas e expor em alguma galeria.

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15 Comments:

Blogger REVOLTOSA (Fundação 1915) said...

Parabéns pelo blog de excelentes textos críticos.

sábado, fevereiro 24, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Só consegui fugir um ano dos fervos de carnaval... foi quando participei de um retiro da igreja católica. Mas como esta profissão me exige estar no meio do fervo lá estava eu neste ano em duas cidades diferentes cobrindo o carnaval de ambos. Ainda bem que não tive nenhuma queimadura de 3º grau.. Um abraço e voltamos a rotina... pelo menos a mais cansativas né?

sábado, fevereiro 24, 2007  
Blogger Santa said...

Querido, o post sobre a tua sagalá no Blog foi um arraso. O mérito é seu, todo seu...Brilhante!!!

Bjs

sábado, fevereiro 24, 2007  
Blogger Ricardo Rayol said...

Walter, meu candidato, só posso dizer que mesmo sem ter jeito pra c oisa vc leva jeito pra carrilho. Vou pegar sua idéia e fazer uma reportagem sobre o paraíso da lavagem de dinheiro, o jurerê internacional.

Aproveitando e abusando. Não esqueça da blogagem coletiva “Xô, Dirceu”, segunda dia 26/02/2007 maiores detalhes em http://movimento-evolucao.blogspot.com. Participe e divulgue. Contamos com você

sábado, fevereiro 24, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Walter, a sua aventura me lembra uma que aconteceu em 2005 e que eu acabei narrando aos leitores do blog. Desde então, me dedico a construir um abrigo nuclear para todos os asilados do carnaval.

sábado, fevereiro 24, 2007  
Blogger Serjão said...

Walter. Vc tem certeza que não esteve em cabo Frio no carnaval? Pelo seu relato é igualzinho. Antes da construção da Via Lagos, há casos na Literatura médica relatando 12 horas de engarrafamento para a região dos lagos onde cabo frio de localiza. O fato é que qualquer lugar que vc vá no carnaval o programa tende a ser de índio. Tudo muito caro, muito cheio com um custo benefício não compensador. Claro que se não houver algum movimento também fica chato. Mas no carnaval é insuportável; não sei se Sampa é igual mas a única época do Rio em que a cidade fica legal é no carnaval. As praias ficam com um movimento aceitável, não há engarrafamentos e os cinemas vazios. Até a bandidagem parece que vai sambar. Evitando o centro da Cidade o resto fica ótimo. Pena que não é sempre assim. Estou apurando uma notícia sobre a preta gil. parece que ela estargou o desfile da mangueira. Depois dou detalhes.

PS: Aqui no Rio exietem algumas mansões com esta característica. Se localizam no Joá ou na Barra mesmo.

sábado, fevereiro 24, 2007  
Blogger @David_Nobrega said...

Posso misturar os dois textos? Preta Gil transando na água. O nenê? Free Willy, oras!

sábado, fevereiro 24, 2007  
Blogger André Pudiesi said...

3° grau atinge os ossos, pára! rs...

Caramba, Walter, rola uma censura prévia no seu BLOG?
Feriadão na praia e nem citou ou falou de bunda, mulher e tal?
Dona Carrilho?

[]s

domingo, fevereiro 25, 2007  
Blogger Giulia said...

Queimaduras de terceiro grau? Tá certo, normal em quem vai à praia pela primeira vez! rsrs

domingo, fevereiro 25, 2007  
Blogger Dick Nixon said...

Em minha cidade o carnaval fica no mesmo lugar sempre. É proibido que os blocos passem por outros lugares. Fico com pena é de quem mora perto dessa avenida que tem carnaval durante 4 dias ininterruptos.

domingo, fevereiro 25, 2007  
Blogger Pênio Moraes said...

Como o senhor mesmo demonstrou, os direitista que dominaram por tanto tempo este pais ainda deixam sua marca indelével de corrupção e má distribuição de renda. E há aqueles seres repulsivos que ainda falam mal de nosso Líder Maior, quando ele tenta, atravez de programas como o Bolsa-Família, equilibrar um pouco o abismo entre classes.

domingo, fevereiro 25, 2007  
Blogger Mamãe de primeira viagem said...

oi walter....
adorei seu texto sobre as aventuras na praia...
pior que isso é só guarapari, em janeiro....
hehehhee
beijossssssssss

segunda-feira, fevereiro 26, 2007  
Blogger Roy Frenkiel said...

Boa Walter! hahaha

Abrax

RF

segunda-feira, fevereiro 26, 2007  
Blogger Spider said...

Eu neste carnaval, cavei um buraco e enfiei minha cabeça dentro.
Faz um pouco de coskinha quando alguma minhoca passa na orelha, mas nada que os 4 dias nao façam agente acostumar.

Otimo post, hahahahahaa genial!

Abraçao!

segunda-feira, fevereiro 26, 2007  
Blogger Bruno Ferrari said...

é o guarujento..

terça-feira, fevereiro 27, 2007  

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