KING KONG NO BRASIL

E se a história do King Kong fosse no Brasil? O que aconteceria? Seria mais ou menos assim:

O macacão é levado para São Paulo, onde se torna uma atração em uma feira de utilidades. Depois de se irritar com os fotógrafos da revista Caras, ele paga propina a um fiscal e escapa, deixando um rastro de destruição pela cidade. Ninguém percebe o estrago, pois São Paulo já é uma zona mesmo. Ele rapta a garota (uma estrelinha da Malhação) e escala a torre da Globo. O governo é acionado. Lula diz que não sabia de nada. “Fui traído”, reclama.

O exército é convocado para impedir o monstro, mas se recusa a lutar, exigindo melhores salários. Ninguém sabe o que fazer com o monstro. Cansada de esperar, a garota dá um fora no bicho e o troca pelo Maurício Mattar. “Kong era muito intelectual pro meu gosto”, diz a garota. Kong desce da torre e passa a vagar pela cidade. Atrás deles vão os motoboys, aproveitando o espaço no trânsito. Funcionários públicos aproveitam a bagunça e entram em greve.

O congresso é acionado para discutir o problema. As “vossas excelências” recebem um salário extra pra instalar uma CPI – que só terminará 3 anos depois, concluindo que não há provas suficientes para incriminar ninguém. Para evitar o caos, o governo federal cria um “Imposto–Macaco” para arrecadar dinheiro e lidar com a crise. Depois de juntar 30 milhões, uma investigação da Polícia Federal descobre que o dinheiro foi desviado para a conta de um publicitário.

Decadência

O gorilão continua solto. O Ibama reclama que Kong não pode ser abandonado, pois é de uma espécie rara. “Crianças na rua é uma coisa, mas um macaco já é demais!” Um diretor de cinema tenta usá-lo em uma superprodução com a ajuda do Ministério da Cultura (verba de 5 milhões: 4 pro filme e unzinho para aquela casinha em Angra dos Reis...). O filme, apesar da trilha sonora criada por Caetano Veloso (“Kong é luz, Kong é luar” diz a letra), fracassa nas bilheterias. Kong não recebe nada, já que o seu cachê foi gasto em uma festa promocional. Ele decide comer o diretor como forma de protesto. Como o diretor é o Cacá Diegues, Kong passa mal.

Todos querem se aproveitar dele. Luciana Gimenez aproveita para entrevistar a garota seqüestrada pelo bicho: “Imperdível, conheça as intimidades sexuais da esposa de King Kong!”. A Contigo solta a fofoca que ela estaria grávida do monstro. Veja diz que é tudo culpa do governo. A Carta Capital retruca dizendo que “Kong é da elite”. Deprimido, ele entra para uma gang de pivetes-flanelinhas. A polícia acaba prendendo todo mundo. Os pivetes são soltos porque são menores de idade. Kong é multado por andar pelado.

Enquanto isso, PTB, PMDB, PL e PP tentam convencer Kong a entrar para a carreira política (“Precisamos de um candidato forte!”). Ele recusa, sendo seduzido pela carreira artística. Acaba lançando um disquinho com versões urradas de clássicos da bossa nova, que é considerado um clássico pela imprensa nacional. Depois de um curto período de sucesso, Kong é esquecido e volta às ruas. Acaba morrendo na fila de um posto de saúde. Depois de morto vira ídolo nacional.

É filme pra Oscar!