EU NEM SEMPRE DESEJO PAZ A TODO MUNDO

Além da inevitável ressaca do excesso de Chandon, as festas de fim de ano me provocam urticária. Não são as festas em si, mas sim todo aquele papo furado de paz e tolerância que é bacana enquanto princípio, mas uma bosta quando se observa a realidade. Para mim é assim: eu desejo paz apenas para quem merece ou anda em falta desses artigos.

Sendo assim, ao mesmo tempo em que torço para que os ferrados pela vida tenham um pouco de alegria, eu cruzo os dedos para que certos FDP tenham a sua cota natalina de dor de cabeça. Sei lá, por revanchismo sacana. Políticos metidos em corrupção, por exemplo. Eu sei que não adianta desejar que eles sejam levados até uma favela para sentir o gosto de um reveillon movido a ovo frito e Tubaína. Mas posso desejar que a maionese do salpicão do banquete de cada um deles azede. Que aquela garrafa de vinho de custo milionário reservada pelo Maluf para ser aberta na virada do ano caia no chão e quebre. Que uma infiltração de umidade estrague os charutos do Professor Luizinho.

Posso desejar que cantores acostumados a infernizar os meus ouvidos com músicas medonhas (alô Otto, é com você) fiquem afônicos por pelo menos um dia. Que apresentadoras panacas que fazem da vaidade e arrogância os seus atributos fundamentais descubram uma espinha tamanho monstro, daquelas bem asquerosas, na ponta do nariz, minutos antes de estourar o champagne. Sem foto com close, Galisteu!

Que cretinos enriquecidos a base de fraudes, desvio de verbas e criação de Ongs de mentirinha descubram que o motor da Jacuzzi queimou. É isso aí: sem banho de rosas até que o técnico compareça. Que criminosos sádicos tropecem e quebrem a bacia (olha bem onde pisa, Marcola). Três semanas de gesso, no mínimo.

É uma vingança pequena se pensarmos direito. Mas é uma gota de justiça que faz bem ao meu coração. E enquanto eu como o meu Chester, penso por um segundo: “Putz, tolerância é algo que não conheço”. Até bate um remorso. Mas o pavê de chocolate cura essas coisas rapidinho...