NÃO, NÃO VOU VER O FILME DO LULA
Com algumas exceções (Guerra nas Estrelas, talvez?), sempre que alguém recomenda um filme dizendo que “todo mundo está indo ver” os pelinhos do meu estômago se arrepiam. Não acredito em cinema compulsório, como também não acredito em “voto útil” (o voto é inútil em qualquer circunstância, meus queridos). Por isso, não vou ver “Lula, o filho do Brasil”
Não, não tem nenhuma imposição ideológica nessa minha decisão. Não, patrulheiros de plantão, não sou tucano e nem faço parte da “Elite-que-come-criançinhas-e-tem-inveja-de-operário-que-vira-líder”. Sim, fariseus, já votei nele várias vezes e também acho a história linda e edificante. Mas o meu problema é cinematográfico mesmo. A verdade é que cineasta brasileiro fazendo cinebiografia é uma merda.
Quando lançaram “2 filhos de Francisco” um bocado de gente me aporrinhou para ver o filme, dizendo que era bonito, bem feito, o cacete. Tirando o fato que odeio musica breganeja, eu não fui ver porque sabia que essa história de “2 meninos simplórios que vencem na vida” era uma fábula meio lapidada pelo sensacionalismo (ninguém comentou que um deles trabalhou em gravadora, né? É, pois é...). Por aqui temos a mania de passar verniz na biografia de todo mundo. Aposto que se fizerem um filme sobre o Maluf vão transformá-lo em um “herói empreendedor”, jogando vários milhões de dólares para baixo do carpete.
Aqui ninguém gosta de seres humanos de verdade, com podres e defeitos. Alguém lança um livro sobre Roberto Carlos e a obra é recolhida por contar detalhes sobre fatos que todo mundo já conhece (alguém aí desconhece o lance da perna do Robertão? Então...). Em outras palavras, se “Ray” fosse um filme brasileiro, teria gente querendo cortar os vícios e as traições: “Sei lá, corta esse lance de heroína, pode influenciar as pessoas, dar mau exemplo...” diria alguém. Provavelmente o personagem nem seria cego.
Para mim, “Lula, o filho do Brasil” é o “Central do Brasil” deste ano. Gosto de “Central”, mas já vi uma quantidade suficiente de filmes com estradas de terra e “gente humilde, que vontade de chorar” nos últimos anos. Quando brasileiro se mete a fazer “filme edificante” fica tudo parecendo texto de “Seleções Reader´s digest”, cheio de lições de moral e personagens que já nascem predestinados a ser exemplos de superação e pro-atividade. Enfim, muito Roberto Shinyashiki pro meu gosto.
Quando lançarem um filme mostrando políticos (de esquerda, de direita, não importa) arrotando e limpando o bilau na cortina, como todo ser humano faz (menos eu, que já aprendi a usar o papel higiênico), aí sim talvez eu veja.
Não, não tem nenhuma imposição ideológica nessa minha decisão. Não, patrulheiros de plantão, não sou tucano e nem faço parte da “Elite-que-come-criançinhas-e-tem-inveja-de-operário-que-vira-líder”. Sim, fariseus, já votei nele várias vezes e também acho a história linda e edificante. Mas o meu problema é cinematográfico mesmo. A verdade é que cineasta brasileiro fazendo cinebiografia é uma merda.
Quando lançaram “2 filhos de Francisco” um bocado de gente me aporrinhou para ver o filme, dizendo que era bonito, bem feito, o cacete. Tirando o fato que odeio musica breganeja, eu não fui ver porque sabia que essa história de “2 meninos simplórios que vencem na vida” era uma fábula meio lapidada pelo sensacionalismo (ninguém comentou que um deles trabalhou em gravadora, né? É, pois é...). Por aqui temos a mania de passar verniz na biografia de todo mundo. Aposto que se fizerem um filme sobre o Maluf vão transformá-lo em um “herói empreendedor”, jogando vários milhões de dólares para baixo do carpete.
Aqui ninguém gosta de seres humanos de verdade, com podres e defeitos. Alguém lança um livro sobre Roberto Carlos e a obra é recolhida por contar detalhes sobre fatos que todo mundo já conhece (alguém aí desconhece o lance da perna do Robertão? Então...). Em outras palavras, se “Ray” fosse um filme brasileiro, teria gente querendo cortar os vícios e as traições: “Sei lá, corta esse lance de heroína, pode influenciar as pessoas, dar mau exemplo...” diria alguém. Provavelmente o personagem nem seria cego.
Para mim, “Lula, o filho do Brasil” é o “Central do Brasil” deste ano. Gosto de “Central”, mas já vi uma quantidade suficiente de filmes com estradas de terra e “gente humilde, que vontade de chorar” nos últimos anos. Quando brasileiro se mete a fazer “filme edificante” fica tudo parecendo texto de “Seleções Reader´s digest”, cheio de lições de moral e personagens que já nascem predestinados a ser exemplos de superação e pro-atividade. Enfim, muito Roberto Shinyashiki pro meu gosto.
Quando lançarem um filme mostrando políticos (de esquerda, de direita, não importa) arrotando e limpando o bilau na cortina, como todo ser humano faz (menos eu, que já aprendi a usar o papel higiênico), aí sim talvez eu veja.
Marcadores: Dicas culturais estupidamente sinceras
29 Comments:
Sim, eu já votei no sujeito.
Não, não pretendo votar NUNCA MAIS, nem nele, nem no partido dele, nem nos associados dele.
Não, não vou ver o filme. Meu dinheiro é ganho honestamente e, mesmo de graça, é uma tortura ver tanta mentira. E ouvir aquela voz dele ... AAAAAARGH! (Licença, estou passando mal do baço)
"Por aqui temos a mania de passar verniz na biografia de todo mundo.(...)Em outras palavras, se 'Ray' fosse um filme brasileiro, alguém iria cortar os vícios e as traições: “Sei lá, corta esse lance de heroína, pode influenciar as pessoas, dar mau exemplo...” diria alguém. Provavelmente o personagem nem seria cego."
Melhores palavras impossível. dDas manias insuportáveis de brasileiro: beijar o pé de quem tá no degrau de cima (por babquice ou conveniência) e querer dar uma de moralista mesmo pagando aquela cervejinha pro policial pra escapar da multa.
"Don't believe the hype!"
Queria ver mostrando no filme ele cortando o dedo propositalmente para receber aposentadoria por invalidez.
Eu me arrependo amargamente de ter visto 2 filhos de Francisco. É bem feito, mas é muito babaca o filme.
Eu tb não verei, Walter. Mas por motivos opostos aos seus. Ao contrário de vc não acho nada de bonita nem edificante. A história dele é igual a de muitos brasileiros com apenas duas diferenças.
1) Outros não tiveram a sorte de ser colocado no colo dos Intelectuais da USP cheios de idiologia socialista loucos para achar um operariozinho para chamar de seu. Lula estava apenas na hora certa no lugar certo;
2) Outros com a mesma trajetória de Lula sempre tiveram que trablhar e não ficaram boa parte da vida sendo sustentado pelo partido.
Lula é uma fraude. Só mesmo neste país haveria um caldo de cultura capaz de gerar uma aberração como esta. Sem escrúpulos, sem moral, sem honestidade ele fez com que este país retrocedesse 20 anos em termos de valores. E olha que eu nem entrei no assunto da diferença de mundo que temos.
Claro que tem este negócio de filme feito com dinheiro de empresas com contratos com o Governo. Também tem o lance de ser propaganda eleitoral e pleno ano de eleições. Mas o motivo nem passa por aí. É mesmo desencanto com os rumos que este país vai tomar depois de Lula. Coisa para dar nojo.
Já viu A Última Parada 174? O diretor é esperto, e resgata coisas que ninguém sabia, por exemplo, não foi um sequestro mesmo.
Rodrigo, esse seu comentário é uma afronta não apenas ao Lula, mas a todos os trabalhadores que ficam doentes, sofrem mutilações (ou mesmo perdem a vida), para depois serem descartados como peças defeituosas pelos empresários que lucravam em cima do seu suor.
E Jorjão, se Lula é uma aberração criada por intelectuais da USP, por que foi tão aplaudido pelo mundo todo em Copenhague? Por que foi considerado pelo jornal Le Monde o "Homem do Ano" de 2009? Por que ele lhe incomoda tanto? Ah, talvez porque ele tenha ousado repassar o dinheiro dos impostos pagos pela elite à parcela menos favorecida da população. Talvez porque ele tenha implantado uma política de recuperação e valorização do salário mínimo. Talvez porque o seu governo tenha sido superior a qualquer demo-tucanato. Talvez porque o preconceito de classe seja uma doença incurável.
Vi o filme e me surpreendi positivamente. Não podemos perder de vista que se trata de cinema nacional. Por isso o considero um bom filme.
E não vi nada de eleitoreiro tb. No filme, não se controe um mito, mas antes se descontroe a imagem de um presidente da república de grande apelo popular.
Recomendo que vejam. É besteira essa de não assistir por que se sentem coagidos a vê-lo. Não tem disso. Isso é conversa de blogueiro que se sente melhor que todos. Besteira.
Maior besteira ainda é dizer que a opção por não assistir "não é uma imposição ideológica". O que seria então????
É ideológico e é desconstrutivo. Apenas desconstrutivo. É tão fácil descontruir, neh?!
Coisa de juninho! rs
Abs a todos
Caro Guilherme: não assistir é apenas um "direito". Ou um desejo honesto. Estou me valendo desse direito, não trem nada de desconstrução - quem faz isso é o filme, segundo o que vc diz, certo? abs.
Comentando à nível cinematográfico e sem entrar em méritos políticos também não tenho a mínima vontade de ver o filme. Ainda mais quando ''todo mundo'' já viu e insiste. Até hoje não vi Titanic pra ter uma idéia do quanto dá no saco isso de ''todo mundo viu você também tem que ver''. A massa é burra, fato, ainda mais trantando-se do meio das películas e músicas. Muito bem colocada a opinião do autor.
"A massa é burra, fato" [2]
Sempre foi, e sempre será, se pessoas como esse sapo barbudo estiver mais preocupado com shows em ano eleitoral, abastecer a globo com dinheiro de propaganda e deixar a educação básica na merda que está hoje.
Já presenciei casos em que o "aluno" entrava na quinta série sem saber fazer contas de dividir, sem comentar em sua escrita...
Paga-se para Faculdades particulares acolherem estes individuos, ao invés de fazerem uma educação basica forte para que tenham condições de entrar em uma Universidade Publica.
Repugnante. País sem futuro.
Pensei que fosse o único aqui que não assistiu a Titanic.Texto muito bem feito
Aê, Vinicius, vai ver o filme de novo! E compra o DVD, a trilha sonora e o livro do filme. Se você acredita, MESMO que ele fez TUDO isso ...
O post do blogueiro foi sobre CINEMA. Numa democracia, posições políticas não se discutem, se respeitam.
Vou assistir ao filme. Se assisti Avatar e sobrevivi à pieguice do filme, fiquei vacinada para assistir qualquer melodrama daqui para a frente.
to contigo!
É que o "circo" é necessário. O pão é o bolsa-família. Fazer um drama a partir de histórias tristes de uma pessoa pobre é fácil. Pessoal quer dar esperança pra massa ignorante mostrando de onde o cara veio e até onde ele foi. (Mas não dá pra ignorar que uma pessoa sem conhecimentos é mais fácil de ser manipulada.)
Oi Walter, esse seu texto me parece melhor que o anterior, um pouco mais "abalizado" se é que você me entende, rs. Concordo com o que vc disse em relação aos filmes-fábula, um exemplo famoso desse caso é o longa "a procura da felicidade" com will smith.
Aguardo sua resposta em relação ao post da mallu. Beijos.
Olha eu sou outro que naum estou nem ai pra esse filme achei muito elevado o titulo do filme:lula o filho do brasil, por que? por tantos outro brasileiros que trabalham todos dias da suas vidas para no final morar no interior em uma casinha recebeno uma aposentadoria mixuruca, e quando ligam a TV ve a propanganda do filme dai eles param e pensam (POHHA minha vida foi tão sofrida canto a dele mais eu naum tive uma oportunidade que nem a dele).
Lula estava apenas na hora certa no lugar certo;Como o Serjão disse.
"A massa é burra, fato" [3]
Sei que foge do tema, mas já que a amiga lembrou do "Argvataaar!!!", será que vocês perceberam que fizeram um crossover de "Pocahontas" com "O homem chamado cavalo"?
amigo, do filme que vc comentou no 2 filhos de francisco, vc disse que um deles trabalhou em uma gravadora, como é isso, tnks.
Internau: um deles (não me lembro qual) chegou a trabalhar como gerente de marketing de uma grande gravadora - antes da dupla estourar. Enfim, o sucesso deles não foi um simples ato de mágica. abs
Quanto ao filme,não vou dar opinião.
Mas me digam ai,oque vcs tem contra aproveitar oportunidades?
Se fosse com algum de vcs, oque fariam?Virariam as costas e diriam:Prefiro continuar na merda !
Falem sério!
"É besteira essa de não assistir por que se sentem coagidos a vê-lo. Não tem disso. Isso é conversa de blogueiro que se sente melhor que todos. Besteira."
Falou tudo... não preciso dizer mais nada...
Fui, vi e gostei. Achei nada de político não. É a história de um homem que sofreu como tantos brasileiros sofreram e sofrem com a diferença que ele se tornou presidente do Brasil. E isso não é pouca coisa.
Eu acho tão bonitinho quando voces "intelectuais, bem nascidos, críticos; professores de deus", se referem à "massa ignorante"; ainda bem que vocês não pertencem à massa, são só ignorantes.
Vão procurar um lote para capinar, bando de éguas!
Blah blah blah...
Também não estou afim de ver esse filme.
Filhos de Francisco o Retorno, Deus me livre!
é tudo muito brega
oportunista
subserviente
global
escroto
boçal
ridículo
sub-reptício
fast food
palmar
imediatista...
enfim...UMA GRANDE E FEDORENTA MERDA !
Não costumo postar comentario, mas vc expôs meu pensamento.
so faltou comentar sobre o onibus 174 em que um bandido em 1 hora etantas de filme virou vitima da sociedade... bahh historia
muito bom o artigo parabens
ah !...só pra constar :
o filme já está sendo considerado um fracasso de bilheteria (...ou pelo menos muto menos que esperavam...)
Voces perceberam a truculência da mídia à frente do desespero financeiro ?...A Gloria Pires ( que interpreta a mãe do bofe...) agora só fala e anuncia e apologia o filme de SUA PERSONAGEM, ou seja não é mais "Lula , o filho do Brasil", é "Fulana, a mãe-coragem - do Brasil"...
(ou seja...o nível de rejeição ao Presidiário Lulla Molusco é enorme tb...Daí, pra não perder o que ja está perdido, inventa-se outro "ponteiro"...e alea jacta est !)
...tsc...tsc...tsc...
Quando é que seremos tratos DIFERENTES DE GADO ????...
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