NÃO, JUQUINHA, VOCÊ NÃO PRECISA DE ARTE, SÓ PRECISA RELAXAR – um adendo a um post polêmico
Senta que o post é grande!
Há algumas semanas eu tasquei por aqui um post polêmico a respeito do incêndio que incinerou parte do acervo do artista Hélio Oiticica. Como todos os posts deste blog, ele é um misto de boçalidade, irresponsabilidade e provocação. Deu certo: o post bateu recordes de comentários. E ainda hoje recebe comentários de gente possessa, me chamando de insensível, cretino e ignorante. Sim, tem gente que vê pessoas passando fome e não se incomoda. Mas vá falar mal de artista para ver o que acontece.
Vamos explicar algumas coisinhas para esses desocupados: eu gosto pacas de arte. Pior: entendo um bocadinho. Fiz cursos e até me arrisquei a pintar quadros (são pavorosos, mas eu pendurei alguns na parede da sala e as pessoas, por incrível que pareça, gostam). Vou muito a bienais e galerias. O problema é que há anos o que eu vejo só me causa bocejos. Se arte é para provocar alguma coisa, não está mais funcionando. Mas continuo vendo gente que leva tudo a sério demais. E isso é um saco.
O último sujeito que realmente quebrou paradigmas foi Duchamp, que expôs um mictório. Ele mesmo não levava as coisas muito a sério e adorava tirar um barato. Andy Warhol também quebrou alguns padrões, sacaneando a idéia de “perenidade” da coisa toda. A provocação teve seu efeito, seu valor. Mas teve, também, sua época. Hoje em dia, nenhum estudioso de arte de renome leva a arte de Andy Warhol a sério – pelo menos na maioria dos países desenvolvidos. Eles só consideram o papel histórico que o cara teve. Duchamp é outro nível, mas, como eu disse, ele mesmo desdenhava a seriedade da arte.
Há algumas semanas eu tasquei por aqui um post polêmico a respeito do incêndio que incinerou parte do acervo do artista Hélio Oiticica. Como todos os posts deste blog, ele é um misto de boçalidade, irresponsabilidade e provocação. Deu certo: o post bateu recordes de comentários. E ainda hoje recebe comentários de gente possessa, me chamando de insensível, cretino e ignorante. Sim, tem gente que vê pessoas passando fome e não se incomoda. Mas vá falar mal de artista para ver o que acontece.
Vamos explicar algumas coisinhas para esses desocupados: eu gosto pacas de arte. Pior: entendo um bocadinho. Fiz cursos e até me arrisquei a pintar quadros (são pavorosos, mas eu pendurei alguns na parede da sala e as pessoas, por incrível que pareça, gostam). Vou muito a bienais e galerias. O problema é que há anos o que eu vejo só me causa bocejos. Se arte é para provocar alguma coisa, não está mais funcionando. Mas continuo vendo gente que leva tudo a sério demais. E isso é um saco.
O último sujeito que realmente quebrou paradigmas foi Duchamp, que expôs um mictório. Ele mesmo não levava as coisas muito a sério e adorava tirar um barato. Andy Warhol também quebrou alguns padrões, sacaneando a idéia de “perenidade” da coisa toda. A provocação teve seu efeito, seu valor. Mas teve, também, sua época. Hoje em dia, nenhum estudioso de arte de renome leva a arte de Andy Warhol a sério – pelo menos na maioria dos países desenvolvidos. Eles só consideram o papel histórico que o cara teve. Duchamp é outro nível, mas, como eu disse, ele mesmo desdenhava a seriedade da arte.
É assim em várias áreas do conhecimento. Até Freud hoje é reavaliado – os especialistas mais sérios o consideram um sujeito fundamental para a história da psicologia, mas não dão mais valor a parte de suas teorias.
Tudo isso muda no Brasil. Por aqui, o povo abaixa as calças para qualquer sujeito que receba o carimbo de “importante”. A patuléia gosta de adorar vacas sagradas – qualquer uma. Mesmo quando não as conhece de fato. Aposto meus testículos como metade dos irritadinhos que comentaram o post sequer já estiverem frente a frente com uma obra de Oiticica. São aqueles sujeitos que vão a exposições e perdem vários minutos diante do hidrante, achando que se trata de uma instalação. E ainda dizem “Uau, que profundo” . Afinal, fica mal “não entender” arte, saca?
Oiticica teve a sua importância, óbvio, e conseguiu provocar discussões sobre o futuro da arte, etc. Mas a sua “maestria” precisa ser relativizada tendo em conta que moramos em um país com uma carência gritante de “gênios”. O tempo passou. Ao ver uma exposição dele a sensação que tive foi a seguinte: “Bacana, mas me passe o sal, por favor”.
Citei Picasso no post porque ele foi provocativo em uma época em que Hitler ainda estava vivo – era barra pesada. Tinha gente que odiava o que ele fazia, mas o tempo mostrou quem ia ganhar a parada. Hoje Guernica ainda é uma obra e tanto porque a provocação tornou-se perene. Você vê e se emociona. Quem hoje se emociona com fotos de Jimmy Hendrix coberto de cocaína nasceu ontem ou é vaca de presépio.
Tudo isso muda no Brasil. Por aqui, o povo abaixa as calças para qualquer sujeito que receba o carimbo de “importante”. A patuléia gosta de adorar vacas sagradas – qualquer uma. Mesmo quando não as conhece de fato. Aposto meus testículos como metade dos irritadinhos que comentaram o post sequer já estiverem frente a frente com uma obra de Oiticica. São aqueles sujeitos que vão a exposições e perdem vários minutos diante do hidrante, achando que se trata de uma instalação. E ainda dizem “Uau, que profundo” . Afinal, fica mal “não entender” arte, saca?
Oiticica teve a sua importância, óbvio, e conseguiu provocar discussões sobre o futuro da arte, etc. Mas a sua “maestria” precisa ser relativizada tendo em conta que moramos em um país com uma carência gritante de “gênios”. O tempo passou. Ao ver uma exposição dele a sensação que tive foi a seguinte: “Bacana, mas me passe o sal, por favor”.
Citei Picasso no post porque ele foi provocativo em uma época em que Hitler ainda estava vivo – era barra pesada. Tinha gente que odiava o que ele fazia, mas o tempo mostrou quem ia ganhar a parada. Hoje Guernica ainda é uma obra e tanto porque a provocação tornou-se perene. Você vê e se emociona. Quem hoje se emociona com fotos de Jimmy Hendrix coberto de cocaína nasceu ontem ou é vaca de presépio.
Os provocadores tupiniquins são levados a sério demais. Não custa nada reavaliar o que já foi revolucionário em outras épocas e dar a eles o papel merecido: histórico, artístico. Não “perene”. Nada de “patrimônio da humanidade”. Muitos deles eram filhinhos de papai entediados. É fato, e daí? Precisamos deles, mas, cazzo, não precisamos colocar no pedestal e beijar os pés, caceta. Quem tem chilique para defender Oiticica está apenas mostrando cagaço de rediscutir a arte e fazendo papel de papagaio – repetindo o que disseram que é legal dizer.
O post não é sério. É uma provocação, também. Por que eu ODEIO o espírito de manada desse Brasil que se esforça para ser “descolado”. Que não admite criticar ninguém, que tem medo de mexer em vespeiro e vive atrás de um ídolo para adorar feito uma besta. Que lê os livros da lista dos mais vendidos para não perder o bonde. Que consulta lista de ”filmes que você deve ver antes de morrer” para não passar vergonha no sarau. Que acredita seriamente que precisa “entender as coisas”. Ah, vão a merda, fariseus!
Em resumo: se você é um desses infelizes que perdeu o seu tempo dando liçãozinha de moral e arte nos comentários no post em questão, relaxe e leve as coisas menos a sério. Esse blog é iconoclasta por princípio e adora irritar a arquibancada do senso comum. Você perdeu o seu tempo e fez papel de otário. E eu consegui o que queria: atrair leitores, aumentar os acessos e provocar celeuma. E adorei o resultado! Sabe o que vou fazer agora? Fazer um post falando mal do Almodóvar. Aposto que vai ter neguinho tendo infarto!
Agora voltamos a nossa programação normal. Malu Magalhães acaba de lançar disco e eu estou louco para ouvir (not!).
O post não é sério. É uma provocação, também. Por que eu ODEIO o espírito de manada desse Brasil que se esforça para ser “descolado”. Que não admite criticar ninguém, que tem medo de mexer em vespeiro e vive atrás de um ídolo para adorar feito uma besta. Que lê os livros da lista dos mais vendidos para não perder o bonde. Que consulta lista de ”filmes que você deve ver antes de morrer” para não passar vergonha no sarau. Que acredita seriamente que precisa “entender as coisas”. Ah, vão a merda, fariseus!
Em resumo: se você é um desses infelizes que perdeu o seu tempo dando liçãozinha de moral e arte nos comentários no post em questão, relaxe e leve as coisas menos a sério. Esse blog é iconoclasta por princípio e adora irritar a arquibancada do senso comum. Você perdeu o seu tempo e fez papel de otário. E eu consegui o que queria: atrair leitores, aumentar os acessos e provocar celeuma. E adorei o resultado! Sabe o que vou fazer agora? Fazer um post falando mal do Almodóvar. Aposto que vai ter neguinho tendo infarto!
Agora voltamos a nossa programação normal. Malu Magalhães acaba de lançar disco e eu estou louco para ouvir (not!).
Marcadores: jornalismo boçal
22 Comments:
Posso fazer uma listinha das vacas sagradas que eu não gosto?
- Chaplin
- Niemeyer
- poesia em geral
- Renato Russo
- best sellers (menos Harry Potter. Esse, eu gostei)
- Almodovar (pode falar mal dele que eu não "se" importo
- Tarantino
- Michael Moore
(...)
Hihihi... por essas e outras é que eu leio, adoro e recomendo seu blog!
Concordo contigo cara. Mas é que as vezes vc é pentelho demais, parece que odeia tudo! rs Bom, o post esclarece que não é o caso.
Abraço e aguardo o "review" do cd da Malu Magalhães!
Entendeu, brow, pq eu quase não escrevo mais Blog?
Não tenho mais saco para tomar chuva de enxofre (frase sua). Pelo menos não de graça.
Grande post. Mas eu quero saber se vc pinta como eu pinto. (rsss)
PS: desculpe mas foi irresistível
Ricardo: é fato, eu sou pentelho mesmo. Sei lá, é mais divertido escrever assim, saca? A resenha da Malu sai em breve- se eu sobreviver.
Serjão: malandro, o pior é que eu vicio, mesmo com enxofre.
fiquei curioso pra ve vc falando mal do Almodovar. Vai chama-lo de pervetido ?
Tio Walter, concordo com voce em todos os pontos...e volto a enfatizar que a babaquice nao e monopolio do Brasil - aqui em Londres tambem tem essas tranqueiras (vide a escultura da deficiente em Trafalgar Square e quase todas as babaquices da Tate Modern).
Mas - e isso deve ser mencionado - babaquices chegam so ate a porta da National Gallery. So ate a porta. Cruzar a porta nao e permitido (ainda). A diferenca e essa. Permite-se a expressao em todos os aspectos. Tem espaco pra tudo isso. Mas o reconhecimento como obra de valor demora muito, mas muito mesmo.
O que nao demora, infelizmente, e a especulacao encima de babaquices. E a hipervalorizacao, de modo que magnatas tailandess acabam comprando "instalacoes" compostas de ovos podres e sucata por milhoes de libras.
Patetica humanidade!
E parabens pelos dois posts. Foram a coisa mais "artistica" do ano!
"O post não é sério. É uma provocação, também. Por que eu ODEIO o espírito de manada desse Brasil que se esforça para ser “descolado”. Que não admite criticar ninguém, que tem medo de mexer em vespeiro e vive atrás de um ídolo para adorar feito uma besta. Que lê os livros da lista dos mais vendidos para não perder o bonde. Que consulta lista de ”filmes que você deve ver antes de morrer” para não passar vergonha no sarau. Que acredita seriamente que precisa “entender as coisas”. Ah, vão a merda, fariseus!"
Perfeito! Esse é meu Tio Walter. Os estressadinhos dos comentários ainda não entenderam qual é a do teu blog, tio.
Parabéns!
Perfeito!
AEEEE Titio Walter leu meu comentário=D
Continue assim, Sir Carrilho, continue levando essas vacas de presépio à beira do infarte! Continue abrindo os olhos desse pessoal que adora ter cultura medíocre socada goela abaixo.
"Don't believe the hype!"
-Public Enemy
Ah não... fugiu um pouco do Walter q conseguiu ser a voz de muita gente q tá se afogando nesse mar de mediocridade.
Gosto demais do seu blog pq me vejo nele... frequentemente leio um post seu e penso "Opa, eu poderia (gostaria de) ter escrito isso".
Mas esse deixou um leve sentimento de "paguei pau pra quem não gostou do que eu tinha escrito".
Bom, continuo fã! Se até Stephen King* escreveu uma ou outra porcaria, pq não vc, tio?
*Tá... é literatura lixo, vira e mexe tá entre os mais vendidos, mas eu gosto, e nem vou tirar o meu da reta citando outros autores "de respeito' q eu leio não, pq, sinceramente, tô pouco me fudendo.
Bom, adoro o q vc escreve! Abração!
Cara. VOu dizer uma coisa. Acho q faz um ano q n leio um post tão bom aqui no Blog. Porra, fazia tempo q tu era superficial, político e talz. Hoje realmente lembrei do Walter Carrilho que eu comecei a ler há muito tempo atrás.
Parabéns pelo post
Aguardo o comentário sobre o Almodóvar... seja ácido! eheheheheh!
Gracas a Deus alguem mais que nao curte Almodovar! Admito que gostei de Mulheres A Beira De Um Ataque de Nervos, mas os outros, principalmente o Fale Com Ela, sao um porre! Mas o que esperar de alguem que acha Caetano um genio?
Aguardo ansiosamente o post sobre o novo cd da songa-monga Malallu Magalhaes.
Kelli,
Que tal um filme do Almodóvar com trilha sonora da Malu Magalhães?
Seria motivo do melhor post do Walter em todos os tempos!
Apesar de não ser parede, nem muito menos assento de cadeira ou banquinho, saiba que dou meu irrestrito apoio à sua causa redentora, Waltão!
Tô aguardando o post sobre o ex-gênio Almodóvar. A trajetória dele foi ascendente, mas a da criatividade percorreu o caminho oposto. O iconoclasta talentoso deu lugar a um reles Manoel Carlos espanhol. Não consigo assistir a mais nada dele.
Textos como esse me tornaram leitor de seu blog. Imagino o tempo que não tem pra escrevê-los com mais frequência, mas fica aqui o agradecimento e talvez estímulo.
Felicidades, cara.
O Brasil ta dificil demais. Agora o trabalho é dobrado. Vc tem que escrever e depois escrever novamente pra explicar ironia e sarcasmo.
Maldita inclusão digital!
Abs, meu brother!
Explicar para essa escumalha não adianta, caro blogueiro. Você vai ser o eterno "inimigo oiticiquiano" para eles.
A idiocracia está chegando a galope.
é só ver como adoram o paulo coelha... e acham a putistinha escritora.
Walter, muito bom o post resposta. mas faz um favor, nao se meta a falar sério de Freud e psicanalise afim, Freud nao ta abandonado nem relativisado. os pilares da psicanalise sao os mesmos desde sempre, nao é porque houveram algumas derivaçoes da teoria que o escrito de Freud nao recebe o mesmo valor que antes. alem do que, "especialistas mais sérios" whatafuck?. gente que discorda dele sempre houve, sempre vai existir, mas a clinica psicanalitica freudiana continua forte. é aquela coisa, quem nao é dessa cultura raramente acerta no q diz. de resto, tudo de bom. abraços
Postar um comentário
Os comentários são moderados para o bem dos meus olhos.
Escreva e aguarde a aprovação.
<< Home