UM BRASILEIRO EM PORTUGAL PARTE 2
Um guia boçal para quem quer se virar na terra do bacalhau (rimou! Sou ou não sou o novo Camões?).
Um brasileiro que visita Portugal se sente como um Pedro Álvares Cabral às avessas. Viajar 12 horas em classe turística hoje equivale a meses de navegação em caravelas no século 14 – a comida de hoje só é um pouquinho pior.
Aliás, os vinhos do Porto que bebemos no Brasil e custam os olhos da cara são brincadeira de criança para eles. Lá você encontra bebidas com 40 anos de fermentação. Bebi um troço de um barril com 60 anos de idade. A bebida era muito boa, mas no dia seguinte fiquei com a impressão de que estava crescendo cabelo na língua.
Um brasileiro que visita Portugal se sente como um Pedro Álvares Cabral às avessas. Viajar 12 horas em classe turística hoje equivale a meses de navegação em caravelas no século 14 – a comida de hoje só é um pouquinho pior.
A primeira coisa que acontece com o brasileiro que chega a Portugal é ter as vogais confiscadas na alfândega. É para você aprender a falar como os portugas, atropelando as letras (vai treinando: “stúpdo!”, “imbcil!”). Em compensação, você logo aprende a recolocar as vogais perdidas em outras palavras: “trabalhaire”, “correire”, etc. É estranho, mas você se acostuma.
Todo brasileiro sofre em Portugal. Por exemplo: é difícil ("dfícil") não confundir os nomes das pessoas. São mesmo iguais. É uma avalanche de João, José e Manuel. Taxista que tem nome diferente faz questão de ressaltar a exclusividade. Um taxista em Lisboa se gabou de se chamar “Libório”. “Com iesse nome só tem ieu!”.
A falta de criatividade para nomes pessoais é equilibrada pelo costume de dar nomes esdrúxulos às coisas. Por exemplo: não estranhe se alguém lhe oferecer um “Licor de merda”. É apenas um licor de leite. E se te chamarem para ir no “cabeço das rolas” não se ofenda. É um lugar publico. E “Biba Tour” é o nome de uma empresa de passeios, não tem nada a ver com o mercado GLS. Por outro o lado, eles adoram nomes literais: “pedante” não é um adjetivo para Caetano Veloso, e sim o nome de uma sapataria.
Quem sofre bastante é o estômago do turista. Não é uma terra para diabéticos: tem muito doce ("travesseiro", "guardanapo", os caras gostam mesmo de nome esranho) e comida pesada. Você escolhe: prego no prato, pica-pau, punheta.... Os nomes são horríveis, mas a comida é deliciosa. E água é bebida exótica. No lugar dela, bebe-se vinho. Muito. Videira lá é como mato, tem em tudo que é lugar.
Aliás, os vinhos do Porto que bebemos no Brasil e custam os olhos da cara são brincadeira de criança para eles. Lá você encontra bebidas com 40 anos de fermentação. Bebi um troço de um barril com 60 anos de idade. A bebida era muito boa, mas no dia seguinte fiquei com a impressão de que estava crescendo cabelo na língua.
E para quem acha que o português guarda rancor da antiga colônia, é bom saber: eles adoram brasileiros, desde que não sejam prostitutas. As brasileiras monopolizam o mercado do sexo (papa essa, Brasil!). Mas com as notícias do pré-sal e do dinheiro que emprestamos para o FMI, os bigodudos acham que estamos nadando na bufunfa. Aguarde, em breve teremos uma avalanche de padeiros por aqui.
De resto, o brasileiro tem fama de mal educado e arrogante – não só em Portugal, parece que rola na Europa toda. E com razão. Tem sempre um brasileiro mongo reclamando dos castelos (“É meio velho, né?”). Nós exportamos para Portugal tudo aquilo que não presta: novela e discos do Seu Jorge (tinha um tocando em um museu, acredite). Se eu fosse o primeiro-ministro deles mandava recolonizar o Brasil pra parar com essa sacanagem.
Marcadores: Um repórter na roubada
8 Comments:
E a gente que a achava que eles tinham mandado merda pra gente! Chupa Portugal agora vcs estão recebendo de volta o que fizeram conosco! Da-lhe Seu Jorge!!! Isso é pior do que roubar as riquezas naturais do país!!!
Estive ai em novembro de 2010 e gosto muito de Portugal. Aproveita que vale a pena. Recomendo a visita ao mosteiro de Alcobaça.
Daqui a pouco o caetano vai estar lá fazendo show, como sempre. Isso seria uma baita vingança contra os portugas.
Já adicionei o seu blog no meu http://fluzaoeterno.blogspot.com,quando voce adicionar o meu por favor me avise,gostaria de saber se posso adicionar nos outros tambem,por mim fariamos a parceria de todos os meus com o seu,um grande abraço e aguardo seu contato
Walter, ale'm das porcarias nossas de cada dia, como funk, sertanejo e forro que assombra as praias da margem sul de Portugal, o Brazil anda exportanto a violencia tambe'm, algum anacefalo criou o Primeiro Comando Portugues, diga-se, esse comedor de bosta, e' brasileiro.
Eu moro em Londres, nao tenho a menor saudade da lei de Gerson dos brasileiros, esses mendigos que saem do Brasil para vir para ca, a grande maioria sempre tentam tirar vantagem, sempre dizem que nao tem dinheiro para nada, para para dar o dizimo, eles nao fogem.
E por falta de palavra e profissionalismo, os ingleses so' falam mal dos brazucas.
Enfim, e viva essa terra de ninguem...
ººº
Vim parar aqui por acaso. Sou de Lisboa e li as suas duas últimas crónicas (post's), nalguns parágrafos dei risada, vc conta as coisas muito bem e olha que vc tem razão em muita coisa que diz.
Abraço
Olá!
Eu vivo em Portugal há 3 anos e concordo com boa parte do que você disse, principalmente nas engraçadas. Portugal é um país muito interessante de se descobrir se você vem sem preconceitos, sem piadianhas medíocres e etc. É um país lindo, cheio de História, lugares bonitos para se conhecer, costumes diferentes...
Partindo pra algo mais sério, o povo português não é assim tãããão acolhedor como o senhor disse.
Você esteve aqui em férias, por isso, nossa visão dos lugares de férias fica um pouco deturpada.
Os portugueses também conseguem ser extremamente preconceituosos, mal educados e grosseiros. Não só com os brasileiros, mas com os imigrantes em geral.
Chamam os muçulmanos "monhés" e acham que todo russo (ou imigrante do Leste Europeu) é aproveitador. Agem com desrespeito em relação à cor de pele dos imigrantes africanos e com uma desconfiança invulgar quando os têm por perto.
Generalizam e acham que todas as mulheres brasileiras/Leste Europeu deveriam estar ou estão no mundo da prostituição.
Eu gosto muito daqui, mas porque eu aprendi a ignorar comentários negativos em relação à minha nacionalidade.
Nem tudo é um mar de rosas e, passear é uma coisa, morar é outra. E só conhecemos mesmo com a convivência.
Anônimo: Pois é, eu sei. Vi um pouco desse preconceito e pude ver como os imigrantes africanos são segregados.
Turistas têm mesmo sempre uma visão mais "rósea". Mas, unindo o que eu vi ao que eu ouvi de outros brasileiros que moram aí, ainda acho que há mais decência em Portugal do que aqui no Brasil. Aqui nem os turistas são bem tratados, rs.
abs e boa sorte por aí.
PS - curiosidade: e a crise? Como tem afetado o emprego para quem é imigrante? O clima é tão pesado quanto parece? Eu só ouvi reclamação (dos portugueses, principalmente).
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