VOU FINGIR QUE NÃO VIVI ESSA ÉPOCA
O filme “Pode Crer!”, do diretor Artur Fontes, está sendo vendido como um retrato da juventude na década de 80. E tem a Malu Mader no elenco. A equação “retrato de uma geração” + “Malu Mader” me cheira a “Anos Rebeldes” requentado. Dizem que a série global sobre os jovens dos anos 60 incentivou os cara-pintadas a se revoltarem e derrubar o Collor. Espero que Artur Fontes não se iluda. O seu filme não tem poder nem de derrubar o síndico do meu prédio. Nos anos 60, o “cantor rebelde” da geração era Caetano Veloso. Nos anos 80, os “rebeldes” eram o RPM. Decadência é isso aí.
Filmes como esse retratam todos os jovens da época com uma aparência de integrante da Blitz: a cara do Evandro Mesquita e o cérebro do Topo Gigio. Isso não me espanta, já que a visão de muitos cineastas brasileiros vai pouco além dos arredores da barraca do Pepê na orla carioca. Não é a toa que os personagens de “Pode Crer” são todos filhos de diplomatas e socialites. Tentar dar a eles uma “consciência política” é forçar a barra. Seria mais honesto dizer que a maior preocupação deles era saber quem tinha parente na Varig para trazer de Londres o novo disco do The Cure. Confiem em mim, crianças, eu vivi a época. Tenho uma calça verde-limão para provar.
Mas o pior problema do filme é trazer o Lulu Santos no elenco. Deve ser a milésima tentativa de vender o cara como o “símbolo de uma geração”. A história pode ser sempre distorcida. Ainda vão chamar a besta do João Figueiredo de “grande presidente”. Não pense que estou exagerando. Tem gente que chama o Jânio Quadros de “grande estadista”.
Na boa? Se era para retratar o drama dos jovens nos anos 80 o ideal seria falar do Cubo Mágico. Montar aquela desgraça era a grande preocupação da época. O resto era detalhe.
Filmes como esse retratam todos os jovens da época com uma aparência de integrante da Blitz: a cara do Evandro Mesquita e o cérebro do Topo Gigio. Isso não me espanta, já que a visão de muitos cineastas brasileiros vai pouco além dos arredores da barraca do Pepê na orla carioca. Não é a toa que os personagens de “Pode Crer” são todos filhos de diplomatas e socialites. Tentar dar a eles uma “consciência política” é forçar a barra. Seria mais honesto dizer que a maior preocupação deles era saber quem tinha parente na Varig para trazer de Londres o novo disco do The Cure. Confiem em mim, crianças, eu vivi a época. Tenho uma calça verde-limão para provar.
Mas o pior problema do filme é trazer o Lulu Santos no elenco. Deve ser a milésima tentativa de vender o cara como o “símbolo de uma geração”. A história pode ser sempre distorcida. Ainda vão chamar a besta do João Figueiredo de “grande presidente”. Não pense que estou exagerando. Tem gente que chama o Jânio Quadros de “grande estadista”.
Na boa? Se era para retratar o drama dos jovens nos anos 80 o ideal seria falar do Cubo Mágico. Montar aquela desgraça era a grande preocupação da época. O resto era detalhe.
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14 Comments:
Noossa! Você deveria ficar mais vezes doente...É ótimo para os seus posts....rsrsr
Acho que o grande problema do filme foi ter esquecido o mentor intelectual dos anos oitenta: Nelsinho Motta!! Ha, ha, ha
Não Walter
O RPM era tudo menos rebelde.
Rebeldes eram Inocentes. Garotos Podres, Violeta, Akira, Mercenárias, Ratos, Plebe, Capital, Cólera etc...
Foi uma época com muita musicalidade e pouca qualidade. Tinha de tudo inclusive RPM e Kid Abelha.
Mas era Rock, mano. E é melhor qualquer rock do que nenhum Rock. Não sei se vc lembra mas estávamos sob o manto da MPB no que ela mais tinha de ruim. Betanea, Ednardo, todo e qq Ramalho. Era uma merda, cara. Vc sabia que eu fui obrigado a ir ver um show da Elba com uma antiga namorada? (Tum tum Bate coração...rs)Para ver o que um cara não é capaz de fazer por uma, como direi,...como falar isso em termos polidos...calcinha. (calcinha dá para passar?)
Por isso o RPM foi muito bem vindo, inclusive o "Revoluções por minuto" foi um baita show. Com laser e tudo mais, o que na época era inovador. Quem não tinha Rick Wakeman...
Mas nem sei pq estou falando isso. Nada disso é do meu tempo. E se a sua calça verde limão é da "Company", eu tenho uma igual só que laranja.
abs
Anos oitenta?
Pra mim, uma década perdida... Nada que preste.
Que bom que sua gripe foi embora.
Não sei o que esse povo tem saudade dos anos 80. Pra criança (que eu fui), pelo menos, era uma desgraça - programa infantil era o Bozo, sapato era bota de plástico da Xuxa que dava o maior chulé, cinema, só os Trapalhões, bolacha recheada só tinha aquela Tostines quadrada, seca e o máximo da tecnologia era ter um Atari e um Walkman trazido pela tia do Paraguai (e que a mãe não deixava levar para a escola, claro).
Mas esperar o que de um filme chamado "Pode crer", Walter?
Não vi e não gostei.
O título já diz!
Vc sai da sessão e diz que o filme é uma merda, olha pro cartaz e vê "podecrer". Sai desacreditando que puseram o Lulu no filme, "podecrer". Símbolo de uma geracão, "podecrer", Figueiredo, "podecrer".
O nome do filme é um alerta!
Abraço!
Depois, quando eu digo que o cinema nacional é especialista em fazer m*rda, eu sou preconceituosa... Sério que ninguém falou do Ayrton Senna no filme?
Só imagino daqui a 20 anos, quando relatarem a geração da década de 90... Outra bomba!
tá de sacanagem que fizeram um filme assim? carajos... e no minimo com grana publica. e o cubo maico era sim o grande desafio.
Os anos 80 foram os piores do século XX, não? Você usava aquelas bolsas tiracolo, de couro? Sempre quis saber o que os homens carregavam ali...
O rock nacional dos anos 80 era uma cópia mal feita do que rolou lá fora. O que adianta o cara tocar bem se cópia tudo e manda mal? Essa onda revival é deprimente, o pessoal não sabe o significado de uma coisa que é lixo e uma coisa que é cult. É deprimente ver neguinho ás 3 da matina totalmente bêbado em uma boate dançando "Super Fantástico".
Só falta o Sérgio Mallandro no filme.
Por Diós!!!
Calça verde limão?? Laranja??
Com tênis xadrez?
Eu tive uma salopete lilás, que eu usava com uma camiseta verde-fluo.
Quanto ao filme ... nem chego perto!!
Não resisti Walter, sei que você a ama.
Veja o que encontrei no portal UOL:
http://preta-gil.blog.uol.com.br/index.html
Vá lá e delicie-se com os belos textos dela, onde conta, por exemplo, que ficou com dor de garganta de tanto chupar gelo que saiu da geladeira nova!
WC, concordo com quase tudo. Realmente fazer algo que tente reproduzir os anos 80 é "tirar leite de pedra". Entretanto discordo do fato do filme não conseguir "derrubar nem porteiro de prédio".
Pô, cara! Aquilo "derruba" qualquer um... pode crer (ops...)
Alexandre, The Great
e o rebelde do ano 2000 eh o tico santa cruz
ME-DO
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