QUEREM QUE EU ODEIE O NATAL

Vou ser honesto: eu gosto bastante de natal e fim de ano. Mas 6 bilhões de pessoas tentam me convencer a odiar o período de festas.

É tempo de paz, dizem. Tentem entrar na seção de descontos da Marisa nessa época do ano para ver um conceito totalmente diferente de “paz, tolerância e harmonia”. O inferno deve ser mais organizado.

Eu sei disso porque moro próximo a uma rua comercial. Eu me preparo fisicamente para enfrentar hordas de senhoras gordas que voam sobre as prateleiras com a delicadeza de um avestruz no cio. Uma vez disputei uma boneca com uma perua de 110 quilos. Tenho as marcas da mordida até hoje.

Eu sei que tem gente que se esforça para me deixar feliz. Convidam Lulu Santos e Mallu Magalhães (ou algum outro platelminto artístico) para o “show da virada”. Se for para “virar” o meu estômago do avesso, ok, está funcionando.

O problema talvez seja essa: tentar me agradar e errar miseravelmente: alguém sempre insiste em me dar um presente “que é a minha cara”. Tipo uma bermuda com estampa de surf – sim, devo ser praticamente um Teco Padaratz.

Tenho certeza de que, neste exato momento, alguém esta me comprando uma gravata de presente - um presente tão útil para mim quanto um acelerador de partículas. Acho que vou me vingar dando um livro de Schopenhauer para um sobrinho, só de sacanagem.