GRANDES MATÉRIAS : UM IDIOTA EM FLORIANÓPOLIS

Verão é época de viagens, de buscar um lugarzinho ao sol nas praias lotadas e de gastar o dinheiro da poupança com protetor solar e repelente de mosquito. E para ajudar aqueles que não sabem se vão para Salvador, para Curitiba ou para o diabo que o carregue, aqui vai uma matéria turística publicada por mim em 2004 no site www.fabricadequadrinhos.com.br (você vai dizer: "Ah, mas a matéria é velha!" E eu respondo: sua mãe também é e nem por isso todo mundo conhece, pombas!).

FLORIANÓPOLIS, PRINCESINHA DO MAR.

Para aqueles que não conhecem Florianópolis, aqui vão alguns dados: A capital de Santa Catarina é uma ilha. Como se sabe, ilha é um pedaço de terra cercado de água por todos os lados. No caso de Florianópolis (Floripa, para os íntimos), ela era um pedaço de terra cercado de argentinos por todos os lados. Mas, como as coisas lá na terra de Garrincha (não era esse o nome do jogador argentino que cheirava cocaína pacas?) não andam boas, agora Floripa foi invadida por paulistas. Aliás, desconfio que até o prefeito da cidade deve ser paulista. Aqui tem as únicas praias com grama que eu vi na vida. Acho que ele mandou colocar grama para ficar parecendo com o Parque Ibirapuera, em São Paulo. Um parque Ibirapuera com uma lagoa maior. A cidade é linda. Visite-a antes que pessoas como eu acabem estragando tudo...

Não é difícil reconhecer um paulista como eu em uma cidade litorânea. O paulista é sempre aquele cara de bermuda perguntando “Onde fica o Shopping?” Eles geralmente são os mais branquelas do local. Mas, depois de alguns dias de sol forte, acabam adquirindo um vermelho de tom “puta-merda-esqueci-o bronzeador”. E aí, eles se confundem com um dos habitantes mais comuns de Floripa: o camarão. O camarão é um crustáceo que a gente arranca a cabeça e come. Já o paulista...deixa para lá, não vou fazer essa comparação. Veja as fotos e evite o risco de comer a coisa errada.

Aliás, bichos do mar são comuns aqui. O prato mais comum é a seqüência de camarão. Você senta e o garçom traz camarão ao alho, camarão empanado, camarão graúdo, camarão pequeno...parece rodízio. Como sempre faço em rodízio, eu recusei tudo e fiquei esperando pela picanha e pelo coraçãozinho. Não trouxeram. Tive que comer a porra do camarão mesmo. Como um bom turista, comi camarão até dar desinteria. E fiquei com aquele cheiro de água suja de estaleiro. É dose. Sem falar que eu fiquei uns três dias no banheiro direto, soltando camarão suficiente para encher a lagoa Rodrigo de Freitas – depois que alguém tirar o montão de cocô da água, lógico.

O povo come muita ostra também. Tinha até a Fenaostra, festival da ostra. Ostra é um troço nojento que você come com sal e limão. Que gosto tem? De sal e limão. Aliás, o povo aqui faz festival pra tudo. Teve a 5ª Fenaostra, para ostras, a 18ª Fenarreco, para os marrecos, e a 15ª Schutzenfest, para os...para os ... ah, para os Schutzen, acredito.

Ah, teve a Oktoberfest, claro. Foi aqui pertinho, em Blumenau, que vira a capital da cerveja por 17 dias. O problema é que com tanta birita, ela vira a capital do mijo, também. Achei melhor ficar passeando por Florianópolis. Que por sinal, é uma cidade muito organizada. As calçadas têm até uma beirada com uma textura diferente, assim os deficientes visuais podem sentir quando estão perto da rua. Em breve, acho que vai ter calçada para deficientes mentais também. Os fãs do João Kleber vão poder passear com segurança. Legal.

Mas, para felicidade de todos, estou voltando para São Paulo. Fui convocado pelo site para cobrir o carnaval paulista. Era para cobrir o carnaval baiano, mas o povo está com a grana curta. Volto logo. Se vocês sentirem um cheiro de maresia com camarão podre, sou eu por perto.

O camarão é um animal da família dos crustáceos. Walter Carrilho é um animal da família dos imbecis.