O HAITI NÃO É AQUI, MAS O HALLOWEEN É!

E não é que estamos em plena época de Halloween? Mais um caso sério de tradição monga importada dos "istaites" (ei, que tal importarem o PIB dos caras da próxima vez? Ou pelo menos a Beyonce?). E como tudo que é importado de fora, carece de adaptações urgentes. Halloween é um troço que só perde para o Erasmo Carlos em nível de desatualização. Afinal, quem tem chance de ver a Regina Casé toda semana na TV não vai se assustar com uma abóbara sorridente.

Até mesmo os monstros tradicionais estão envelhecidos. Drácula não é muito mais do que um Rodolfo Valentino com problemas ortodônticos. Nas ruas, pode ser confundido com um gótico com excesso de pancake. As assombrações nacionais, como o Alexandre Soares Silva já entregou, são apenas deficientes físicos (Mula-Sem-Cabeça, Saci-Pereré...). Quer mesmo assustar uma criança? Diga a verdade para elas: “Um dia você ainda vai ser adulto”. Isso tira o sono de qualquer uma delas.

É isso aí, Juquinha: a realidade é pior do que o mundo da fantasia. Não consigo pensar em nada mais aterrorizante do que cálculo de juros compostos de empréstimos bancários. E não é necessário criar monstros complicados como Múmias e Glória Menezes. Eu posso enumerar uma lista gigante de seres aterrorizantes. A começar pelo “Atendente de telemarketing que chupa cérebros”. Ele costuma atacar cidadãos incautos com golpes de gerúndios para roubar as suas almas, deixando-as aprisionadas em menus automáticos sonorizados com versões "Cassiotone" de alguma sinfonia de Mozart. O inferno não pode ser pior do que isso.

Existem muitas criaturas que nasceram em um universo paralelo, de fantasia, mas que convivem conosco. É o caso do “Aluno-de-sociologia-que-se-importa-pacas-com-os-pobres-mas-não-abre-mão-da-casa-em-Camburiú-que-o-pai-comprou”. Ou o Gerald Thomas. Quer se proteger deles? Nada de alho ou água-benta. Pendure uma foto de Chico Buarque na porta da sua casa. Proteção garantida: assombrações têm medo de Deus.