VÃO CANONIZAR O CLODOVIL?

A morte é o melhor detergente de caráter que existe no Brasil. Bastou Clodovil morrer para o pessoal começar a polir a imagem da “vossa excelência”. Em blogs, telejornais, etc, estão todos relembrando a sua “autenticidade”, já que ele falava o que queria, o seu estilo “extravagante, polêmico” e a sua “coragem de assumir a homossexualidade”.

Vamos colocar os pingos nos is, Juquinha. “Autenticidade” não pode virar eufemismo para “grosseria e estupidez”. O Marcola do PCC sempre falou o que quis, na maior franqueza. E aí, vão elogiar o cara, também? Educação e temperança são virtudes usadas para garantir a sustentação mínima da civilização. São coisas que ajudam a nos diferenciar dos macacos. Eles são parecidos conosco, mas jogam merda uns nos outros, coisa que a gente (ainda) não faz.

Extravagância e polêmica? São os principais artifícios de celebridades decadentes. Basta ver Michael Jackson, Preta Gil, Caetano Veloso e Britney Spears. Não dá para elogiar pessoas que perdem a compostura apenas porque não têm um jeito mais honesto de aparecer na mídia.

Coragem de assumir a homossexualidade? No Brasil é pinto. Roberta Close já foi símbolo sexual por aqui. Queria ver Clodovil assumir no Irã. Isso sim seria digno de nota.

Daqui a pouco vão descobrir projetos “incríveis” que ele teria apresentado no congresso. Talvez canonizem o cara, tornando-o padroeiro dos “autênticos, polêmicos e extravagantes”. Não duvido. Ok, tadinho, morreu. Mas fingir que ele não foi um pulha é demais.

O Brasil é incrível, meu chapa. Quero ver o que vão fazer quando o Maluf morrer...