UMA BOA MOÇA TRANSGÊNICA

Eu odeio a Paula Fernandes. De coração. E o pior: nunca ouvi uma música dela. Nem sequer sei como é a voz da guria. E não quero saber. Só sei que odeio. Ponto.

Precisa mesmo ouvir algo dela para calcular o grau de ruindade? Basta olhar as fotos. Aquele sorriso forjado por 33 assessores. As declarações supostamente picantes e reveladoras: “meu primeiro beijo foi aos 19 anos”. E daí, meus queridos? 

Como caçador de picaretas, eu identifico cretinice a léguas de distância. Dizem que ela tem uma voz bonita (não sei como é, juro!). Grande trolha. Cid Moreira também tem e nem por isso é cantor. 

Tentei ler algumas letras das músicas que ela canta. Surgiu uma avalanche de frases juvenis, com muito “sol” e “chuva” e estrofes rimando “coração” com “paixão”.  E aí eu vejo aquela carinha de boa moça, aquele olhar sonhador, o violão pendurado no ombro... 

O medidor de picaretice toca o alarme. Tenho a impressão de que bateram uma tonelada de freiras em um liquidificador para produzir um Frankenstein de saias rendadas. Uma santinha transgênica.

Óbvio: esse “recato” todo é puro marketing. Eu sei que ela vai sustentar esse perfil de boa moça na marra, só para manter a molecada na fissura.  A estratégia é diabolicamente bem estudada. Roupas sexys, mas que não revelam o que a molecada perebenta quer ver. Namoros que viram manchete. Tudo tão autêntico quanto pen drive de 2 reais.   

Sim, Paula Fernandes é a nova Sandy. A nova “nora que mamãe pediu a Deus”, aquela mistura bombástica de falso bom mocismo e erotismo reprimido. A molecada sonhadora adora. Quem se importa com as músicas? O importante é que ela seja "um exemplo para a nossa juventude". 

Talvez alguém um dia revele que ela é piromaníaca. Ou que gosta de fazer sexo com cachorro. Seria divertido. Enquanto isso, Paula Fernandes recebe o nosso célebre “Selo Picareta” (leitores antigos devem lembrar disso, decidi ressuscitar). Ela merece.