ME VÊ AÍ UMA LIÇÃO DE MORAL COM FRITAS!
Um exemplo bacana: saiu mais um filme com cara de milkshake de sociologia misturado com Malhação. É o filme “Era uma vez” (puta nome, meu Deus...), do diretor Breno Silveira. O filme mostra um romance entre um honesto favelado que trabalha na praia e uma patricinha. Como diz a sinopse, é um “retrato da intolerância e dos abismos sociais que separam brasileiros”. Sim, mais um filme de ginecologista: fica dando "toque".
Pergunto: quando é que vão pagar alguma coisa para o cadáver de Shakespeare pelo uso indiscriminado da fórmula “Romeu Julieta com lances de Janete Clair”? E por que todos esses filmes ficam com aquela cara de “Desigualdade social for dummies”? Ok, “agenda positiva” é legal, mas se é para mostrar a “dura realidade”, o filme poderia ter uns ajustes.

Tipo assim: a garota seria uma estudante rica que acha pobre "tudo uma merda, saca?" Ela se apaixona por um traficante que a “pega no colo, a deita no solo e a faz mulher” (sacaram o discurso inteligente sobre os desejos carnais de nossa elite falida?). Depois os dois colocariam fotos no orkut com direito a armas e gestos de hang loose. Seria um clichê também, mas, putz, mais verdadeiro. Porque, convenhamos, favelado que se aproxima de dondoca na praia toma logo um cacete dos amiguinhos lutadores de karatê.
Se o problema é falta de idéias, titio Walter dá uma solução: façam logo uma versão das revistinhas da Turma da Mônica, que tal? Estão cheias de personagens unidimensionais e lições de moral bobocas. Do jeito que os nossos cineastas gostam. Com uma vantagem: tem o cebolinha falando errado. Com alguns toques de “Marx para crianças”, seria divertido. Já pensou? “Que melda, Mônica, isso é tudo culpa dessa sociedade pelvelsa e matelialista, não tá vendo, calalho?” Taí, esse eu ia ver...
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