sexta-feira, julho 27, 2012

TOMARA QUE QUEBREM O PESCOÇO

Eu normalmente odeio campanha eleitoral. O clima de fla-flu, a militância gratuita, as promessas furadas, a propaganda ridícula, os comícios hipócritas, etc, Mas tem algo que eu curto e muito: ver candidato se ferrando. A campanha pela prefeitura de São Paulo mal começou, mas o ano promete ser divertido.

Depois de eleitos esses candidatos podem dar uma banana para nós. Mas até lá, todos têm que suar a camisa para ganhar a simpatia da patuleia. Serra deu um exemplo ridículo ao tentar usar um skate. Bem feito, virou piada. Pena não ter quebrado uma perna.

Fico animado só de pensar no que os outros vão inventar. Russomano vai querer brincar de patins. Haddad pode pular de asa delta. Soninha talvez adote um patinete. E imaginem o engomadinho do Chalita tentando cavalgar uma mulinha, não seria hilário? Quero mais é que eles se arrisquem mesmo. Com sorte algum deles quebra o pescoço. Eu adoraria.

Eu me divirto vendo essa gente tentando mostrar serviço e afinidade com o populacho. Beijar crianças melequentas. Sujar os sapatos de couro italiano na lama das favelas. Comer buchada. Sorrir durante aqueles enfadonhos espetáculos escolares sobre o dia da árvore. Gosto de imaginar o sofrimento por trás de cada gesto fajuto.

Já disse por aí: entre TODOS os candidatos ao cargo de perfeito de São Paulo a minha escolha seria tomar um copo de arsênico. Mas, por enquanto, fico aqui torcendo para ver luxações, ânsias de vômito e crises de pânico.

Buchada neles!

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terça-feira, julho 24, 2012

A CULPA É DA BOSSA NOVA

Sério, eu sempre gostei de bossa nova. Acho uma das nossas melhores contribuições à civilização moderna, junto com o purê de mandioquinha e  o biquini cavado. Mas, infelizmente, a bossa nova deixou uma lição que está sendo constantemente mal interpretada.

Não é porque João Gilberto e Nara Leão cantam com aquela voz pequenininha que TODA infeliz agora pode se meter a besta e fazer o mesmo. Há uma profusão de gente cantando baixinho, com letras em diminutivo (amorzinho, joelhinho). Virou uma praga nauseante.

Aprendam: voz pequena, sussurrada e letras fofinhas NÃO são sinônimos de elegância, intimismo e muito menos de sensibilidade. Primeiro, meus queridos, é preciso ter talento e saber cantar um pouco. São condições básicas. Sem isso, o resultado é apenas música pretensiosa e ruim.

O exemplo mais gritante é (adivinhem) Mallu Magalhães. Ela tascou no Youtube o seu novo clipe: “Sambinha bom”. É isso mesmo: “sambinha”. Sim, é uma musiquinha com titulozinho em diminutivozinho.

Eu sei que muita gente acha que eu simplesmente tenho uma birra com a guria. Mas aí eu digo o seguinte: assistam ao vídeo. E me digam: ela canta mal mesmo ou é apenas retardamento? É ou não é a coisa mais  sem sal, nauseabunda, metida a besta e frouxa que já ousaram registrar em vídeo?

Só mesmo fanzocas de cérebro subdesenvolvido conseguem ver algo de interessante nessa voz molenga, nesse jeito sem graça de piveta que abaixou a calçolinha para ver se tem piupiu, nesse olhar sonso de quem quer sensual e não sabe como.

Sim, é isso mesmo: estão dizendo que o clipe traz a guria com um ar mais “sensual”. Meu amigo, se você acha isso aí sensual é porque não pode ver uma escada de perna aberta sem ficar de espinha na testa.

Nem se Marcelo D2 e Cypress Hill queimassem meia Jamaica haveriam de  fazer algo tão lesado. Eu tive vontade de gritar por uma hora depois de ver o vídeo. E as roupas? E a maquiagem? E o cabelinho molhado? E os "flocos de neve"?  E a viradinha de olho? Meu Deus, meu Deus, meu Deus...

João Gilberto está vivo (não sei, é o que diz a lenda). Eu espero que o fantasma do sujeito assombre essa turma pelo resto da vida. E Mallu, na boa: até a Luluzinha tem mais sex appeal do que você.

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quarta-feira, julho 11, 2012

NÓS, PAULISTAS FASCISTAS E HORROROSOS

Ser paulista é um inferno. Significa morar em um estado que, além de caótico, é constantemente usado como bode expiatório da babaquice que impera em todo (vamos frisar isso: TODO) país. É como se São Paulo, particularmente sua capital, fosse uma espécie de “eixo do mal”, de onde toda a escrotidão brota.

Eu sou paulista e não tenho nem um pingo de orgulho por isso - e nem vergonha, também. Na verdade, se eu tivesse nascido em outro lugar, não seria diferente. Sempre achei “nacionalismo” e “orgulho das origens” (seja da cidade, estado ou país) um troço muito besta e sem sentido. Eu mesmo adoro tirar sarro do lugar onde vivo.

Mas tenho ficado meio cabreiro com o incentivo ao bairrismo que rola tanto na internet como na imprensa em geral. Parece que virou um novo esporte nacional fazer o resto do Brasil crer que São Paulo é um enclave de estupidez. Imagine um carioca cansado do estereótipo de folgado. Ou um baiano de saco cheio da pecha de preguiçoso. É a mesma irritação que sinto.

Toda vez em que a besta do Kassab e o chuchu sem sal do Alckmin cometem uma de suas arbitrariedades, toda a população de SP é taxada de fascista (ô palavrinha fora de moda, hein, meus queridos?). Se um homossexual é assassinado ou se rola pancada em uma manifestação de rua, TODOS os paulistas automaticamente viram cúmplices, como se todos formássemos uma massa homogênea de bestialidade e intolerância.

Gostaria de saber: a partir de que momento o resto do Brasil virou um país moderno, com povo de mente aberta e políticos vanguardistas? Quer dizer que Sérgio Cabral, o governador do Rio, é um cara sensível e humanista? Que a família Sarney, que domina o Maranhão há milênios, é composta por pessoas profundamente preocupadas com o social? O país inteiro aprendeu a votar em políticos decentes, menos São Paulo?

Ok, isso quer dizer, também, que em todos os outros estados o povo é moralmente liberal e tem ideias progressistas sobre sexo, raça e comportamento? Não existe assassinato de gays em, sei lá, Goiás? A marcha da maconha seria perfeitamente aceita no Amapá? Não existe preconceito racial no Rio Grande do Sul? E que moradores de terrenos ocupados nunca são expulsos pela polícia em nenhum outro lugar do Brasil?

O pior é que paulista não pode falar mal de outras regiões do país, nem elogiar seu próprio estado, porque é logo ridicularizado por ser “xenófobo” ou por representar o ”orgulho de uma elite decadente”, uma merda dessas. Aliás, que diabo de “elite” é essa que só existe aqui? Meu Deus, quer dizer que não tem playboy metido a besta em Pernambuco ou no Paraná? Só aqui?

Vamos encarar? O Brasil é lindo, sim, mas é atrasado, conservador, desumano, intolerante, politicamente ridículo e moralmente travado. E, pior: como agora temos mais grana, viramos um país "novo rico", ainda mais jeca e preconceituoso.

Pronto, falei. Agora vamos falar de outro assunto, por favor? O que a Maria Bethânia anda aprontando, hein?

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sexta-feira, julho 06, 2012

UM IDIOTA NA ESPANHA PARTE 2

Segunda parte da minha epopeia espanhola para ajudar você a entender como é o país dos toureiros.

Você não consegue entender um país se não come o que os nativos comem. Por isso eu jamais iria para a Etiópia, onde não se come porcaria nenhuma. Viajar é se arriscar a ter indigestão. E se você vai para a Espanha, já te aviso: prepare seu estômago.

É porque comer na Espanha significa perder as frescuras. Eles comem de tudo. Tive a impressão de que toda a fauna e flora do planeta estavam disponíveis nos cardápios. Acho que se você esquecer sua avó em uma mesa eles são capazes de colocar na panela.

Eu comi uma coisa que aqui no Brasil seria crime: “Manitas de Cochinillo”. São as patinhas de porquinhos desmamados com poucos dias de vida. Na cozinha você pode ver os corpos de dezenas de porquinhos esperando a hora de ir pro fogão.  Dane-se o PETA: eu comi e curti.

Comida na Espanha é assim mesmo: violenta. Segundo Edson Capoano, colega de viagem, a Espanha foi um país de muitas invasões e brigas. O cara que topava ficar por ali tinha que ser “muy macho” e comer o que pintasse.

Até a forma de comer é “violenta”. Boa parte das iguarias foi feita pra se atacar com as mãos, se lambuzando. Camarão? Corte a cabeça fora e chupe os miolos: shhluuuupp! Nada daquela frescuragem de restaurante francês. Se você pegar a taça e levantar o dedinho mínimo é capaz de vir um espanhol barbudo e cortar tua mão fora.

O problema é pedir as tais iguarias. É muito estranho para um brasileiro pedir um “pincho” (lê-se “pintcho”) e uns “tapas” sem achar que entrou em um bordel sadomasoquista por engano. E que tal pedir uma “porra antequarana”? É apenas  uma espécie de gaspacho.

Depois de comer é bom dar um passeio para fazer digestão. Visitar um museu, por exemplo. A vantagem é que museu por lá tem Velásquez, Picasso, Miró, Dalí, etc., e não aquelas merdas de Catunda e afins que a gente vê por aqui. Em Málaga, cidade onde Picasso nasceu, o careca está em todos os lugares. Tem placa indicando onde ele foi batizado, onde ele nasceu, etc. Deve ter placa até no muro onde ele mijou. Os caras curtem arte.
O difícil é não se perder por lá.  Tem muita ruazinha estreita, torta e sem saída. A vantagem é que todas elas têm um barzinho. Se você se perde, o jeito é desencanar e tomar um chopp (“Tubo” ou “Caña”). Ou vinho, que lá é tão comum que deve sair da torneira. Sim, os espanhóis curtem ficar “borrachos”.

E se você trombar com um mendigo, não estranhe. Eles estão cada vez mais comuns por lá. Esse aqui pelo menos estava feliz, cantando como se fosse um vocalista do Gypsy Kings. Mas o pior são as ciganas.  Uma veio pra cima de mim com aquele papo de me dar “um regallo” e tentou ler minha mão pela bagatela de “25 euros”. Como eu acredito em leitura de mão tanto quanto em “prostitutas virgens”, puxei a mão e fui embora. Ela me seguiu, xingando até a minha 5ª geração. Tenso.

Só faltou assistir a uma tourada, que ainda resistem em poucas cidades. É uma tradição violenta e cruel? Sim, mas não tão cruel quanto tentar andar na Praça da Sé à noite. Os espanhóis deixam a violência para as arenas oficiais e restaurantes. Para mim, faz mais sentido.

Eu voltaria para a Espanha numa boa. Se a crise continuar do jeito que está, talvez eu até compre o país com o que sobrou no meu cofrinho.

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