A BANDA MAIS SEM GRAÇA DA CIDADE

Tem aquele clima de festa com incenso barato e vinho Chapinha acompanhado de bolo de tofu. Aquele tipo de festa em que metade é designer e a outra é antropólogo – isso porque não estou contando o casal de artistas plásticos trancado no banheiro e nem o poeta maldito que ficou vomitando embaixo do sofá.
É aquela festa que tem sarau. Que tem puff quadriculado. E um suporte repleto de bolsas de tricô. Às 3 da matina alguém sugere uma discussão sobre os rumos do teatro. Pouco antes daquele babaca que acha mais um violão e sugere “E aí? Bora tocar uma da Legião?”
Não é a melodia de programa infantil que me incomoda. Nem o sorriso besta que todos mostram, como se estivessem esperando o efeito do Rivotril passar. É a impressão de que todo mundo fugiu de uma clínica de clonagem, onde um cientista sádico criou uma leva de ripongas a partir de um cruzamento de Djavan com Oswaldo Montenegro. Olha só que coisa: Marcelo Camelo e Mallu Magalhães mal se conheceram e já pariram uma dúzia de filhotes.
A banda tem mais clipes no youtube. Tem sempre os integrantes tocando com aquele ar reflexivo de quem carrega o peso da existência nas costas porque ainda não recebeu a mesada do pai pra descer pra Maresias. E o maldito violãozinho fazendo blim-blom. Nem um galão de Gardenal é tão anestesiante.
Como? A banda teve mais de 1 milhão de acessos no Youtube? Ok. Mas esse vídeo com um monte de gatos se esborrachando tem quase 20 vezes mais acessos. E daí?
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