ENTRE PARA A MUSSUNARIA

Ok, todos relembraram o Mussum nesta semana. O Twitter bombou com o Mussum Day (céus...). Mas enquanto o povo se satisfaz com a nostalgia, eu prefiro partir para a ação. Estou fundando a minha própria sociedade secreta, uma concorrente da Maçonaria: a Mussunaria.

É um grupo que adorará Mussum como o maior expoente da sabedoria nacional dos últimos séculos. Como toda sociedade secreta, teremos códigos, cumprimentos secretos, esses lances. Os membros se reconhecerão pelos gritos de “Cacilds!”

Já está na hora de aceitar Mussum como um dos maiores intelectuais desse país (Como? Paulo Francis e Marilena Chaui? Sai dessa... ). Só ele sacava o que nós realmente somos, tá “sabendis”? Esqueça as teorias de Gilberto Freyre em "Casa Grande e Senzala". O que importa é o "forevis".

E lamentar a morte de Mussum é bobagem. Ele não sobreviveria em um mundo tão metido a besta. Nem os trapalhões dariam certo hoje. Seus personagens seriam execrados pelas donzelas vigilantes do politicamente correto. Imagine: um negro bêbado, um cearense mané, um careca baixinho e um quarto que todo mundo achava que era viado.... Seriam presos, no mínimo.

Por isso, entre para a Mussunaria. Serve para lembrar uma época em que um sambista negro não precisava ser um pagodeiro chorão e um humorista podia fazia piadas infames sem se chamar Heloísa Perissé.

VOVÓ QUER FARREAR

Parece um daqueles programas do National Geographic com dinossauros e espécies extintas: Rita Lee vai dar dois shows no Credicard Hall, em São Paulo. Trata-se de um espetáculo comemorando 40 anos de carreira. Pergunto: comemorar o que, cara-pálida?

Bidu: vão ser shows com os sucessos da cantora. Ou seja, músicas mofadas dos anos 70 e 80, já que depois disso ela não fez nada que emplacasse. Vai ter um monte de gente curtindo horrores: quarentões que perderam o bonde da modernidade em alguma calça quadriculada lá pelos idos de 1986 e aqueles jovenzinhos desligados que acreditam nesse papo de “maior roqueira do Brasil” (sério, seria melhor se eles curtissem uma trolha emo qualquer).

A velha roqueira faz cara feia para impressionar os jornalistas e aumentar as vendas da última coletânea.

Eu me divirto pensando na lista de exigências da cantora: balões de oxigênio, doses emergenciais de botox e uma caixa com remédios para combater o colesterol e os flashbacks de LSD. E, claro, cinco galões de tinta para cabelos. Na cor ruiva, padrão “Tia-velha-querendo-parecer-prafrentex”.

Uh-tererê... Vovozinhos, preparem o Gardenal! Vai ser uma folia e tanto!

QUERO SER A ANGÉLICA

Não entendam mal o título deste post. Não pretendo usar minissaias e nem ter o perfil de um flamingo anoréxico. Mas acho que não existe trabalho mais mole do que o da Angélica.

Toda vez em que eu vou almoçar em um restaurante com TV, não dá outra: o aparelho está sempre sintonizado no Videoshow. Pelo jeito, o programa tem a mesma função das músicas de elevador: é deliberadamente sem graça para não atrair a atenção de ninguém – é o “Girl from Ipanema” da televisão. Angélica apresenta o quadro Videogame. Ela tem um talento curioso: uma estranha habilidade de esticar as vogais das suas falas.

Ela entra no palco e grita: “E aíííí, galeeeeera?” Quando um participante acerta uma pergunta, ela solta “Aêêêêêê!” Quando alguém fica em dúvida sobre a resposta certa ela solta “Iiiiiih”. Interessante. Seu salário, enorme, diga-se, provavelmente é calculado com base no número de vogais proferidas.

Acho que essa riqueza de vocabulário é o que fez Luciano Huck se apaixonar por ela. Ele também tem um vocabulário meio restrito. Se resume basicamente a falar “Loucura, loucura”. Deve ser uma doença que se transmite entre apresentadores de tv. Faustão já pegou (“Ô loco, meu!”). A Luciana Gimenez também (“Que coisa, gente!”). Cid Moreira se afastou dos telejornais porque só consegue falar “Boa noite!”

Vou tentar pegar a vaga da Angélica. No próximo post vou escrever em angeliquês: “Aêêê, Preta Gil lançou outro diiiiiisco! Meu Deeeeeeus!”

Por essa habilidade, Angélica merece, novamente, o selo Picareta deste blog. Parabéééééns, Angélica!

A PIPA DO VOVÔ NÃO SOBE MAIS!

O leitor Adam Smith mandou um link sensacional. Uma matéria da Folha de São Paulo com o Deus - Odara, Caetano Veloso. O ser divino reclama da idade e diz ter saudades das “ereções firmes” e do “jato de urina forte”.

Seguindo Adam, o problema deve ter sido causado pelas “massagens na próstata”. Eu concordo. Mas, vem cá, gente: por que ele quer ter “jato de urina forte”???

Deve ser porque “qualquer coisa doida dentro mexe”. Aaaafe...

PS: Caetano e seus comentários são a alegria do Jornalismo Boçal.

PORQUE EU AMO A INTERNET - Nº 3.458

Links atrasadinhos para ajudar o titio Walter, que anda preguiçoso e cafeinado:

- O melhor site do mundo e ponto final: clique aqui. Perto disso o Google é uma merda (desative o popup besta de propaganda que aparece, Juquinha). Fique pelo menos uns cinco minutos vendo a bagaça. Faz bem pros miolos, vai por mim. *

-Única música funk que me fez a cabeça até agora:



Sério, prefiro um Sarney funkeiro de merda do que um Sarney romancista de merda.

* Sim, fariseus: essa dica eu dei no Twitter. Quer saber? Foda-se. Como dizem os capitalistas: é uma questão de maximizar recursos.

O QUE POSSO APRENDER COM O CINEMA?

Viciados em livros de auto-ajuda devem estar com orgasmos múltiplos: o livro “O Clube do filme” tem vendido horrores. Trata-se do seguinte, Juquinha: um crítico de cinema deixou o filho abandonar a escola e topou “educá-lo” com filmes. Em vez de ir à escola, o garoto passou um tempo assistindo a três filmes por semana, escolhidos pelo pai. O crítico decidiu expor a experiência em livro, imaginando que milhões de pessoas pudessem ter as mesmas “lições de vida” seguindo a sua lista de filmes.

E qual foi o resultado? O garoto decidiu ser cineasta. O que nos leva à conclusão de que filmes são ótimos para criar cineastas, mas devem ser uma bosta para formar advogados, economistas e médicos. Devemos dar graças a Deus pelo garoto não decidir ser arquiteto. Calculem o número de mortos no desabamento do primeiro prédio projetado pelo pimpolho.

"E agora, filhão, vamos à lição de trigonometria! Lembre-se de Walter Hugo Cury e manda brasa!"

As pessoas levam o cinema a sério demais. Escola não serve para muita coisa, mas cinema também não resolve o problema. Já viu algum filme ensinar cálculo integral? Pois sem ele não temos engenharia. E sem engenharia você estaria morando em uma caverna. Na hora de aprender algo eu prefiro Pitágoras a Robin Williams.

Agora imaginem se um crítico brasileiro fizesse a mesma coisa: o garoto teria que encarar a coleção Gláuber Rocha e mais aquelas pérolas do Arnaldo Jabor (você já viu crítico nacional deixar de puxar a sardinha para os nossos “gênios”?). Iria concluir que todo o universo se resume ao Pereio falando “porra!”

SOY LOCO POR TI, HONDURAS

Juquinha, agradeça aos malucos de Honduras pelo patético golpe de estado contra a patética tentativa de burlar a constituição de lá. É preciso mostrar aos gringos quem somos nós, latinos. Esqueça essa balela de que somos um continente em desenvolvimento, democrático, etc. Encare os fatos: não passamos de republiquetas que vivem a base de golpes de estado, caudilhos, ditadores e políticos medíocres. E com uma trilha sonora de lascar, convenhamos.

Nós achamos graça das ditaduras islâmicas, que vivem na base da porrada. Grande merda, eles não têm muita liberdade, mas têm a grana do petróleo. Vamos ver quem tá mais fodido? Já estava na hora de algum paiseco fazer uma presepada e nos lembrar quem somos de verdade.

Manter essa identidade é importante. É bom para o turismo, por exemplo. Os gringos não querem visitar países bem organizados e desenvolvidos. Para isso eles têm, sei lá, Luxemburgo. Eles querem mais é ver país com gente desdentada, aquele clima mais “roots”, saca? O pessoal de Honduras foi esperto. 90% do mundo sempre cagou e andou para o país. Agora todos sabem onde fica ("Jacques, querido, você já tinha ouvido falar em América Central?").

E por aqui a gente ainda tem mesmo uma paixão enrustida por quedas de braço institucionais. Tem brasileiro que sente falta da ditadura e alguns ingênuos que acham Hugo Chávez um herói. No fundo, nós somos apenas uma Honduras mais crescidinha. E com um time de futebol melhor.

QUEM ACREDITA NO FANTASMA DE MICHAEL JACKSON?

Se Confúcio tivesse acesso à Internet ele teria inventado um ensinamento para esse troço. Tipo, “Tigres são violentos, mas, u-hú, só o vídeo da Mulher Samambaia é animal!” Ou algo assim. O Renascimento levou séculos para se difundir pela Europa. Mas um vídeo tosco com um suposto fantasma do Michael Jackson roda o mundo em minutos. Isso é evolução, rapaziada.

Você viu, Juquinha? É uma reportagem da CNN que mostra a mansão do finado. De repente, lá no fundo, surge uma estranha sombra andando com um jeitão esquisito, meio arqueado. Bidú, já estão dizendo que é o fantasma de Jackson. Se você não viu, tire as suas conclusões:



Não duvido que seja ele. Dizem que existe um fantasma do João Gilberto que assombra os palcos brasileiros, reclamando do retorno e do barulho da platéia. Ok, ele não morreu ainda, mas você entendeu o espírito da coisa, não é?

Se Xuxa acredita em Duendes e milhões de bastardos votam no Maluf, porque eu iria estranhar um fantasma de um cara que estava com metade do pé na cova e tascou mais química no corpo do que a Petrobrás em Cubatão?

Só sei de uma coisa: se eu tivesse menos de 12 anos de idade tratava de trancar a porta do meu quarto toda noite a partir de agora...

BOÇALPEDIA: JOSÉ SARNEY

1- Escritor frustrado brasileiro: incapaz de escrever um livro decente, decidiu seguir a carreira mais segura para pessoas sem talento: a política. De vez em quando também se mete a pintor para horror da classe artística e felicidade dos humoristas.

2- Personalidade maranhense: Ficou famoso como dublê de Omar Sharif. Eleito o segundo bigode mais sexy do Brasil, perdendo apenas para o buço da Maria Bethânia.

3- Gíria: Nome que se dá a sujeito teimoso, que não arreda o pé e atrapalha os outros. Exemplo: “O José é muito Sarney, ele só empata a moita!”

4- Variação da praga “Peemedebista”: Como todo peemedebista, ele é um parasita resistente que se aloja nos bagos de qualquer partido governista.

"Se vocês me pouparem eu prometo não escrever mais nenhuma merda como 'Marimbondos de fogo'! Eu juro!"

Post scriptum intelectualóide: José Sarney ainda vai nos fazer sentir saudade do senado romano, que resolvia suas intrigas na faca. Na Roma Antiga, imperadores mandavam executar senadores numa boa - e os senadores devolviam o carinho matando seus imperadores. Uma coisa, tipo assim, muito fraternal. Com esse infalível clima de “deixa disso” que reina em Brasília, nem CPI rola mais. Eu adoraria ver o Sarney imitar Júlio César e exclamar, rodeado de algozes: “Até tu, Pedro Simon?”