GENTE QUE SOFRE NO NATAL

Todo mundo se preocupa com as pessoas que sofrem no natal. Pensamos nos solitários, doentes e miseráveis. Mas existe uma categoria que sofre horrores nessa época do ano. São os parentes de artistas. Tenho pena deles.

Imagine a esposa de um artista plástico que ganha uma caixa com pedaços envernizados de fezes dentro de uma caixa. “Fiz para você. É uma alegoria sobre a podridão do mundo capitalista. Não é legal?” Ou a mãe daquele poeta concretista que recebe um cartão escrito “Meu pau/ cachorro faz au-au/ Feliz Natal”. Eles não merecem comer peru na ceia.

Eu imagino cantores medonhos chegando com uma caixa enorme para “animar” a ceia em família “Olha o que o titio trouxe para a criançada! Todo mundo vai ganhar uma cópia do meu cd de covers de bossa nova!” E não adianta a esposa reclamar “Lucicleyton, de novo essa merda?” Esses tipos não se emendam.

Na casa do Roberto Carlos o DVD do show que ele fez com o Caetano roda sem parar. As crianças choram, fazem birra. Não adianta. Os parentes tentam agradar: “Não vamos deixar o titio nervoso, pois ele pagou a farofa!” Na casa da Mallu Magalhães todos vão interromper a ceia para ouvir ela chorar um pouco em homenagem ao “amor profundo” que ela sente por Marcelo Camelo. Então ela ameaça pegar o violão para cantar alguma coisa. E quem chora são os convidados. Eu também choraria.

Sim, tenho pena desse povo. Mas aí eu bebo a minha 27ª dose de Prosecco e penso “Quero mais é que se foda...” Pois é, eu devia ser mais sensível no natal, não acham?

RELAXA, SUZANA!

Suzana Vieira, eu senti uma imensa vontade de fazer alguma piada sem vergonha com o escândalo do seu ex-marido. A minha consciência disse que fazer piada em cima de tragédia é um lance de extremo mau gosto. Mas o Fagner lança discos de mau gosto direto e nem por isso é linchado, então... Enfim, aí eu vi que todas as revistas te deram capa para faturar em cima do caso e mandei a consciência à merda.

Suzana, sorria. Eu sei que sorrir pra você é difícil, depois da 23ª plástica. Mas faça um esforço. Não dê atenção a essa discussão oca sobre a idade do seu ex-marido. Por mim você poderia pegar um adolescente de mão peluda e ser feliz numa "nice". Acredite, apesar daquela pança que o Photoshop insiste em encobrir, tem moleque que ainda presta "homenagens" a você. Não quer dizer muito, pois eu sei que tem gente que acha a Elba Ramalho um carnão. Viu como a humanidade é estranha?

Largue esse complexo de Luana Piovani, que só descola manchetes nas brigas com namorados e afins. Arranje outra desculpa para aparecer nas revistas de fofocas. Espanque uma camareira. Está na moda, você sabe. Eu sei que falam horrores sobre o seu ex-marido. Até a Ana Maria Braga descascou em cima dele, sugerindo que ele poderia “desaparecer da face da terra”. Olha, por mim ela poderia ir junto numa boa. Sobraria até mais botox para você no mercado.

Desencana, Suzana. Sei lá, faça uma nova plástica. Não sei onde, pois imagino que não tenha sobrado mais lugar para repuxar (o joelho, talvez?). Mas faça. Curta a vida. E continue fazendo aqueles papéis de perua entediada que você faz tão bem nas novelas. É o seu melhor papel. Na verdade é o único. Mas a molecada não se incomoda, manja?

É MELHOR SERMOS MISERÁVEIS

Estou feliz com a queda do preço do petróleo e a conseqüente falência do sonho de fortuna fácil com o pré-sal. Tinha gente sugerindo que parte da grana fosse canalizada para o Ministério da Cultura. Escapamos por pouco. Imagine quantos espetáculos teatrais baseados no mito do Curupira teríamos que aturar...

A idéia de dar mais grana para os nossos artistas só pode ser sinal de uma coisa: tem gente no ministério querendo comer alguma dramaturga. Nada mais fácil para faturar um brioco do que dinheiro público. Os nossos “artistas” já fazem muita merda com a grana mole que descolam. Com muita grana seria um esmerdeio insuportável. Céus, se com pouca grana Hector Babenco já faz filmes medonhos, imaginem com 20 milhões de reais...

Nós merecemos ser miseráveis, pois não sabemos o que fazer com dinheiro. Por aqui, quando sobra alguma bufunfa, surge logo um projeto faraônico mongolóide, tipo Transamazônica ou “Vamos remasterizar a obra do Caetano?” No mínimo iriam inventar um Proer para pagodeiros falidos, algo assim. “Vamos ajudar o Alexandre Pires a comprar uma Jacuzzi nova!” Demos sorte.

Por isso eu digo: ser o país do futuro é mais cômodo do que ser o país do presente.

A PIOR REVISTA DO MUNDO

No começo do ano eu anunciei um lançamento que iria “aterrorizar os defensores da moral e dos bons costumes”. Demorou mais do que o esperado, mas saiu: Revista Mundo Canibal, a revista que a sua mãe vai adorar odiar. Clique aqui para conhecer melhor. Se você sentir um fedor nas bancas, é porque tem exemplar sobrando por ali. E esse humilde blogueiro faz parte da equipe de colaboradores. Uh-tererê.

A revista é um projeto da Fábrica de Quadrinhos, site com mais de 4 milhões de acessos mensais, do qual também faço parte (a equipe não bate bem da cabeça, percebam). Na minha opinião, é a pior revista do mundo: demente, escrota e sem noção. Mas é baratinha: 5 pilas (é preço de sanduíche vagabundo, convenhamos). Passe na banca e compre uma, nem que seja para irritar os seus parentes. É uma revista de humor sem vergonha, com um monte de bundas e palavrões. Uma coisa, tipo assim, muito linda.

E se você quiser conhecer os bostas que fazem parte da equipe, passe na livraria HQ Mix (Praça Roosevelt, 142, Centro, em São Paulo) no dia 11 de dezembro, às 19 h. Vamos estar lá esperando para ser processados por alguém. A livraria fica próxima à Rua da Consolação (as estações República e Anhangabaú do metrô também são bem próximas, aproveite).

Passe lá para xingar a gente. Sempre quis contribuir para o desenvolvimento da humanidade. Pois é, mas não é com essa revista que eu vou realizar o meu sonho...

UM CAMELO E UMA GAROTA CHATINHA

Eu sei que nós, seres humanos, somos irrelevantes diante da imensidão do universo. Mas o que me consola é que há sempre algo mais irrelevante do que a nossa existência. Tipo o bafafá em torno do namoro entre os cantores Marcelo Camelo e Mallu Magalhães. Pois é, Juquinha, o assunto tá rendendo.

Camelo talvez seja relevante para quem caiu naquela lorota do “Sou sensível como Chico Buarque, mas sem a Marieta Severo e o amor por Cuba”. Já a Mallu... bom, trata-se de uma cantora folk pop de dezesseis anos que namora um clone trintão do Enéas em vez de dar para meio time de futebol do colégio. Preciso dizer mais?

Claro, tem as acusações de pedofilia, as piadas fáceis com “Camelo” e todas as implicações que envolvem a união entre um sub Caetano com péssimo gosto para barbeiros e uma sub Ana Carolina que acabou de descobrir o que é uma menstruação. Piadas fáceis pululam na mente de qualquer um. Mas é o tipo de notícia que só interessa aos anelídeos que acham que o mais importante na vida é usar boné de feltro e ter uma banda que canta em inglês (o problema é pronunciar a palavra “The” sem prender a língua no aparelho ortodôntico...).

Se você não trabalha na Revista Caras, relaxe. O universo vai continuar se expandindo, independente de tudo isso. Pelo menos até a Eliana arranjar um novo namorado. Aí, sei lá, talvez pare tudo de novo...