
Papo reto: sábado foi dia de manifestações contra o
Sarney. Em São Paulo a passeata juntou, se tanto, umas 500 pessoas. Eu estive lá. Sinceridade? 500 pessoas é uma miséria. É louvável o
empenho dos organizadores, que se articularam via twitter (ta-ram! Enfim uma utilidade!) e blogs, sem apoio direto de praticamente nenhuma instituição oficial. O que é de chorar é a falta de resposta desse povo
bundão. O coronel merecia no mínimo umas
10 mil pessoas xingando em plena avenida Paulista.
Se a gente não consegue tirar um velho bigodudo da sua cadeira, o que nos resta fazer? Vestir a camisola e pedir aposentadoria do cargo de “povo”. Claro, vale lembrar a
absoluta ausência de sindicatos e organizações estudantis, que estão por demais de rabo preso para chiar contra um coronel com bons amigos. Se a passeata envolvesse alguma manifestação contra o
exército americano teríamos milhares de pessoas berrando na rua. É fácil: os EUA estão lá longe, não tem ninguém para baixar o sarrafo.
Acho que se a passeata fosse em prol da carteirinha de estudante a UNE estaria botando fogo em carros. Quem se assumiu como
cara-pintada para ajudar a tirar o Collor deve estar sentindo um certo mal estar ao ver o ex-presidente defendendo o senador que ninguém derruba. Ou já se entregou de vez. Sim, eu sei, não foram os cara-pintadas que derrubaram Collor, mas na época o barulho foi bonito. Hoje, não derrubamos nem síndico.
Eu não sou nenhum
Robespierre e mal sei usar um apito. Mas não consigo fingir que não há nada errado em um povo que só se infla em dia de futebol. 500 pessoas foram às ruas para protestar. E ninguém deu trela. O
senador está tranqüilo. Deve estar comprando uma caixa de charutos.