A NOVA TROPA DE ELITE

O BOPE invade favelas como o Complexo do Alemão. O BOSTA trabalha em outro tipo de local: as megastores, como FNAC e Saraiva, onde uma pessoa pode entrar e sair livremente com um disco do Lenine. Os traficantes de música ruim não soltam rojões quando tem carregamento novo. Eles publicam resenhas no jornal O Estado de São Paulo e na revista Bravo. Sim, os jornalistas são “uns fanfarrões”. A mercadoria fica exposta em prateleiras, à vista de todos. Promoções como “Discos da Maria Bethânia por 29,99” seduzem os incautos. Quantos futuros artistas plásticos e dramaturgos teremos que perder para o tráfico?

Desenvolvi técnicas especiais de invasão. Entramos sorrateiramente para confiscar lotes de cds da Preta Gil encalhados. Portamos discos dos Ramones para eventuais confrontos. Os vendedores contra-atacam colocando músicas do Gilberto Gil para tocar. Não temos dó de usuários. Entramos em saraus de poesia e festa de alunos de sociologia gritando: “ Perdeu, playboy, perdeu!” Se eles não se entregam eu grito: “Traz o disco do Ratos do Porão!” É mais violento do que uma 12.
Sempre saímos das Fnacs carregados de evidências para queimar. Para portar o símbolo do BOSTA, uma foto do Adoniran Barbosa com duas facas atravessadas, tem que ser forte. Se vier com aquele papo de que “Caetano foi exilado, tem umas letras interessantes”, vou logo gritando “Pede pra sair!” Por isso, se você carrega músicas do Otto em seu Ipod, pode ir rezando. Nós vamos te pegar.
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